O amor é como um prisma que fraciona a energia dos sentimentos em miríades de vibrações que a partir do coração preenche o nosso corpo, mente e alma e se dilui no espaço por onde caminhamos, com as pessoas que se tornam nossos companheiros, eventuais ou constantes. Existem as vibrações pesadas, ligadas à terra, aos interesses espirituais. Existem as vibrações sutis ligados ao céu, aos interesses espirituais.
Quando o amor funciona gera dentro de nossa consciência todos os efeitos vibracionais dos sentimentos, grosseiros ou sutis. Como fazer para separar as vibrações grosseiras que nos arrastam para baixo, para o inferno da materialidade, e deixar prevalecer as vibrações sutis, que elevam nossa alma em direção a Deus? Se essas vibrações estão intricadas umas dentro das outras? Como amar e odiar ao mesmo tempo? Como viver no paraíso e logo em seguida mergulhar no inferno? Se não soubermos separar e administrar com justiça e firmeza essas vibrações que surgem às vezes com a força das paixões, iremos irremediavelmente cair dentro dessa gangorra existencial.
Um exemplo disso que estou querendo relatar é a obra literária de Gaston Leroux, “O Fantasma da ópera”. Ele é um ser deformado que se esconde atrás de uma máscara e vive nos subterrâneos de uma ópera em Paris, onde tudo de ruim que acontece é sua a culpa. Exige dos administradores uma quantia para que os espetáculos possam ser exibidos e que seja reservado o camarote número cinco.
Christine, a bailarina, descobre que o seu guia, um “Anjo da Música” é na verdade Erik, o fantasma que aterroriza a ópera. Descobre que ele é fisicamente deformado, razão pela qual usa uma máscara para esconder a sua deformidade. Vendo a verdadeira imagem de Erik, ela entra em choque, e Erik decide prendê-la em seu mundo, dizendo que somente a deixará partir se ela prometer não amar ninguém além dele e voltar por vontade própria.
Acontece que Christine passa a enfrentar uma luta interna entre o seu amor por Raoul, desde a infância, e a fascinação pelo gênio musical do Fantasma. Ela decide se casar com Raoul em segredo e fugir de Paris e do alcance do Fantasma. Mas o seu plano é descoberto e termina sendo raptada do palco pelo Fantasma e levada para os labirintos embaixo da ópera. Raoul tenta salvar Christine que está sendo forçada a fazer uma escolha entre o Fantasma e ele. Christine escolhe Erik com o intuito de salvar a vida das pessoas da ópera, dizendo ao Fantasma que concordará em ser a sua esposa se ele libertar Raoul.
Christine se comporta como uma verdadeira noiva para o Fantasma. Ele lhe dá um beijo na testa e ela aceita sem rejeitá-lo ou demonstrar horror. Esse ato simples faz o nível vibracional do amor do Fantasma modificar radicalmente e lhe traz uma alegria imensa. É a primeira vez na sua vida que foi tratado como uma pessoa comum. Nesse momento a qualidade etérea do amor mostra toda sua magnitude. Faz ele mudar de ideia e diz que Christine pode ir embora e se casar com Raoul, e que ele, Erik, não passa de um animal aos seus pés, pronto para morrer por ela.
Podemos ver assim toda a dimensão vibracional do amor fazendo as pessoas se comportarem como anjos ou demônios.
Cada pessoa tem o seu prisma de amor incrustado em conceitos e preconceitos, que fazem esse prisma desviar para mais ou para menos os sentimentos vibracionais que motivam comportamentos coerentes ou incoerentes.