Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
10/02/2015 00h59
PEQUENAS FELICIDADES CERTAS

            Cecília Meireles fala (A Arte de Ser Feliz) das pequenas felicidades certas que podemos ver diante de nossas janelas, mas as ignoramos pensando apenas em grandes acontecimentos e que só os outros são felizes. A autora fala de uma sensação que a maioria das pessoas possuem, mas que ela, felizmente, está livre disso.

            Ao receber um texto de quem acredito ter sido o maior amor da minha vida, que se refere à poetisa e faz reflexões sobre a felicidade, também me vi instigado à ir pelo mesmo caminho.

            Neste rotineiro fim de tarde de uma quinta feira, onde acabo de chegar ao meu apartamento onde moro só, sento na cama encostado no travesseiro para ler e teclar, antes do horário de mais uma reunião que tenho programada toda semana na comunidade, onde desenvolvo um trabalho de Comunitarismo Cristão, mais uma atividade que classifico como vontade de Deus para eu cumprir.

            Da mesma forma que ela também não posso reclamar da minha qualidade de vida, da minha felicidade, apesar de sentir que algo me falta. O mais irônico de tudo isso, tanto para mim quanto para ela é que talvez o que nos completasse fosse a convivência de um com o outro. Tentei fazer malabarismos para viabilizar essa convivência até o fim de nossas vidas, mas não foi suficiente para atender as necessidades do que ela esperava. A solução foi a separação, infelizmente de forma raivosa, hostil, o que eu jamais imaginava pudesse acontecer.

            Agora, volto à sabedoria de Cecília e vejo que a minha procura e respeito pelas pequenas felicidades certas podem ter sido o estopim de nossa separação. Eu procuro estar sempre harmonizado no ambiente que estou e com a pessoa que estou. Isso me traz felicidade, mas quando entra em ação o amor romântico da outra pessoa e que traz consigo a exigência de exclusividade, as opções de relacionamentos afetivos se tornam muito limitados, até mesmo inexistentes. Essa castração comportamental só poderia existir dentro de mim nos momentos de paixão. Como a paixão não é eterna como o Amor, então eu fico desconfortável quando me sinto preso e não posso me relacionar com as pessoas que constituem minhas pequenas felicidades. Sei que não posso nutrir a paixão por tempo indeterminado, uma forte felicidade mantida ao longo do tempo por nenhuma delas, por mais que o meu coração aceite-a como a preferida.

            Este é o meu jeito de ser e que não posso mentir a ninguém para conseguir a simpatia ou companhia. Prefiro morar só como estou, a causar desarmonia no meu lar com a cobrança por uma pessoa daquilo que não posso dar a ninguém.

            Esta forma solitária de ser não me causa tristeza, pois sei que estou sendo o que sou, e não vivo uma imagem falsa de como alguém gostaria que eu fosse. Consigo viver bem com as pequenas felicidades ao meu redor, entendendo as dificuldades emocionais de quem se aproxima de mim e informando com bastante clareza o que penso, o que sinto e como ajo.

            Sinto falta sim, da companheira que sintonize com o meu pensamento e consiga superar os instintos femininos que nenhuma até hoje conseguiu. Sei que não é impossível, pois eu superei os meus instintos masculinos para colocar com justiça a forma de relacionamento que eu defendo.

            Além de todas essas argumentações ainda existe a compreensão que tenho de que tudo que faço dessa forma tão diferente do que é cultuado na sociedade, é porque Deus colocou na minha cabeça essa ideia para iniciar o projeto de construção do Reino dos Céus, ensinada por Jesus e tão pouco praticada.    

Publicado por Sióstio de Lapa
em 10/02/2015 às 00h59