Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
11/02/2015 00h59
ARREPENDIMENTO

            O arrependimento é o certificado na consciência de que erramos em alguma decisão de nossas vidas. Como não há como voltar ao passado e corrigir o erro que concluímos que cometemos, uma alternativa para evitar o sofrimento constante é não concluir pelo erro feito no passado e aceitar e adaptar suas consequências às nossas vidas atuais. Sei de pessoas da minha mais alta estima e afetividade que hoje vivem com vazios em suas vidas devido a decisões precipitadas (segundo o meu parecer). Agiram por impulso obedecendo aos seus instintos e que foram atiçados por pareceres preconceituosos próprios e de terceiros. Imagino que se tivessem vencido esses instintos e preconceitos, suas vidas seriam mais cheias de vida.

            Mas posso estar fazendo crítica da mesma estratégia que eu também uso. Pois na condição de vítima dessas decisões impulsivas eu tenho uma vida diferente daquela que sonhava, e até temia que um dia chegasse a se realizar. De viver sozinho sem uma companheira ao meu lado. Mas por ser fiel ao que eu sou, ao que imagino ser minha missão, eu enfrentei medos e reações e hoje digo que vivo sem arrependimento aonde estou. Os sonhos estão sempre subordinados à realidade, assim como o formato das nuvens depende dos ventos que as conduzem.

            A medida que o tempo amadurece os conhecimentos que adquiro, percebo com mais clareza os pontos onde deveria ter agido com mais firmeza e clareza para não entrar em caminhos tortuosos nem induzir ninguém a fazê-los. Mas não me sinto culpado, pois usei de toda a honestidade que me era possível naquela ocasião para que situações fossem construídas dentro da verdade. O que hoje percebo como falhas, naquela época isso não me vinha à cabeça como ação equivocada e, portanto, não posso assumir a culpa por algo que eu não imaginava nem planejava. Devo ter o mesmo tratamento que tem as pessoas portadoras de deficiência frente à justiça, que não tem a responsabilidade cognitiva pelos seus atos. Não posso assumir a culpa pelo sofrimento que fiz alguém padecer nessas circunstâncias e também não posso me culpar pelo sofrimento ou vazio que me incomoda. Por isso não tenho arrependimento, nem por mim nem por ninguém.

            Hoje a situação é diferente. Tenho melhor compreensão da vida e do meu papel dentro dela. Mesmo que para alguns essa foram de pensar e agir seja loucura, para mim é o roteiro que tenho de seguir. Tenho mais firmeza em deixar pessoas mais próximas ou mais distantes de mim, de acordo com as forças que observo irem dentro delas e dentro de mim. Procuro ao máximo ser fiel à justiça e à coerência das minhas ideias com a vontade de Deus. A família ampliada e harmônica que está no propósito da minha vida ainda está longe de ser alcançada, não por minha parte, pois já tenho uma boa compreensão de como ela funcionará e sei que trará muito mais felicidade para todos, muito mais do que o perfil nuclear das famílias atuais, cheias de egoísmo de ambos os lados, feminino e masculino.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 11/02/2015 às 00h59