Termina hoje a primeira semana que estou no deserto psicológico. A minha tentativa de ser mais rigoroso desta vez do que fui no ano passado, foi por água abaixo. Tropecei e cai nas diversas tentações da carne, escapando com muito esforço o controle sob a gula com o artifício do jejum. Isso porque nos momentos que eu exagero, como ontem, que mesmo no controle do que eu poderia me alimentar eu voltei do Flat para o apartamento com um aumento de dois quilos. Felizmente com o artifício do exercício forçado, eu consegui manter a linha descendente do peso, mesmo com a perda de 100 grama, quando a média do que eu devo perder por dia deve ser de 500 grama.
Os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola que eu pretendia fazer logo nos primeiros dias, não consegui até agora fazer nem o planejamento. Parece que não será ainda neste ano que eu conseguirei. Mas manterei a esperança, se surgir uma força extra dentro de mim eu procurarei colocá-los em prática. Mas da forma que tudo vai indo eu acredito que não terei pernas para fazê-los.
Ora, se eu tenho dificuldades em colocar na prática ações que só dependem de mim, quanto mais será difícil colocar na prática ações que dependem também de outras pessoas e que da mesma forma que eu ou até com mais dificuldades, sofrem barreiras para praticar o que prometem. São esses tropeços e quedas que são tão comuns entre nós, humanos, que devem nos trazer a consciência da necessidade de sermos fraternos uns com os outros.
Irei continuar dentro do deserto, mas agora sem tanta expectativa como tinha antes. Cada vez estou tomando mais consciência de que as forças que estão dentro de mim, da minha carne, são muito poderosas. Eu posso ter toda a boa intenção de corrigir o que percebo de errado, mas a própria mente que está intimamente ligada à carne elabora sentimentos e pensamentos que são contrários ao que tenciono fazer.
A força negativa que mais eu consigo enfrentar e conquistar algumas vitórias significativas é a gula, o desejo de comer além das necessidades biológicas. Para isso utilizo a estratégia do jejum, mas mesmo assim eu sinto uma série de desejos surgindo no palco da minha mente e elaborando pensamentos para eu quebrar o ritmo do jejum. Percebendo isso eu procuro ficar armado com uma série de elementos motivadores da perda de peso, como o registro de toda a vitória que conquisto e um gráfico onde coloco a meta a ser alcançada, pelo menos no período que estou disposto a fazer o enfrentamento.
Esse monte de tropeços e quedas que eu sofro em pleno período em que eu devia estar mais fortalecido, me faz ter consciência de que quando eu sair desse controle, desse deserto psicológico, as forças do corpo estão com uma força bem maior. Fico desde já a pensar na comilança que irei fazer no primeiro dia que eu sair desse deserto, como aconteceu no ano passado. Eu sei que do ponto de vista espiritual isso está errado, tanto do ponto de vista quantitativo (eu como muito) quanto do qualitativo (eu como alimentos que devia evitar, carnes vermelhas, de mamíferos por exemplo).
Todos esses tropeços e quedas que eu sofro tanto aqui no deserto quanto fora dele, são fatos que me fazem acreditar voltar muitas vezes ao plano material da Terra para tentar vencer esse obstáculo. A vantagem (ou desvantagem) que tenho é que não sou mais ignorante sobre essas necessidades espirituais. Sei que deverei retornar outras vezes ao plano material da Terra para aprender e praticar o que interessa ao mundo espiritual, ao Pai eterno. O que me deixa mais satisfeito é saber que procuro fazer o que de mais importante eu tenho que aprender, que é a capacidade de amar de forma incondicional. Isso talvez sirva para cobrir a multidão de pecados que eu não consigo ainda evitar.