Existe no livro “Fontes Franciscanas e Clareanas” no Tratado dos milagres, Cap. XII – das mulheres salvas dos perigos do parto... – uma série de relatos de parturientes cujas vidas dos filhos foram salvas por solicitação da interveniência de São Francisco.
O meu caso é muito parecido. Sou o primogênito dos meus pais e minha mãe correu sério risco e eu também na hora do parto. Não havia como hoje os recursos institucionais, hospitalares, da medicina. Minha mãe foi assistida por uma parteira na sua humilde casa. Eu me desenvolvi dotado de uma cabeça grande e o canal do parto era estreito com o agravante de nunca ter sido usado para a passagem de uma criança. O problema estava formado!
A parteira lutava com todas as suas forças segurando minha cabeça e procurando me puxar por tão estreita passagem. Até hoje possuo a marca de seus dedos na minha cabeça e um ligeiro desvio da cabeça sobre a coluna, que incomodam os fotógrafos quando vão me posicionar para fotos.
Nessa situação de impasse, de aperreio, onde o tempo trazia a morte cada vez mais próxima de mim e da minha mãe, alguém lembrou de São Francisco. Não sei se foi algum dos meus familiares envolvidos na aflição, ou se foi a parteira que sabia desses cuidados do santo com as crianças. O fato é que foi feita a promessa de que se eu saísse vivo dessa contenda receberia o nome de Francisco.
Então, milagre feito, promessa cumprida! Felizmente, pois vejo na leitura desse livro que as pessoas que de algum modo se arrependeram ou menosprezaram a promessa feita, o coitado do filho é quem “pagava o pato”. Voltava a correr risco de vida ou sofria algum tipo de doença incurável. Parece-me uma ação pouco cristã para um santo, cobrar uma dívida dessa forma, mas... pode ter alguma justificativa que minha inteligência atual ainda não alcançou. O certo é que comigo isso não aconteceu. Todos os meus parentes acataram sem repressão o nome escolhido e até era aconchegado com variações carinhosas: Francisquinho, Chiquinho, Titico...
Durante o período da infância não me incomodava esse nome, mas da adolescência em diante passeia a achá-lo um nome muito comum, simplório, que identificava muitas pessoas. Será que todos eles deviam alguma coisa a São Francisco? Vem agora à minha mente essa interrogação que eu não tinha conhecimento antes para fazê-la.
Quando fui servir a Marinha do Brasil aos 18 anos de idade, recebi naquela instituição o nome de guerra Rodrigues, o meu sobrenome, com o qual passei a ser identificado. Fiquei muito orgulhoso e deixei de lado o Francisco. Agora eu dizia a todos que perguntavam pelo meu nome que eu me chamava Rodrigues, e depois que me formei em medicina, o Dr. Rodrigues. Quem perguntasse por Francisco, ninguém sabia quem era.
Com o avanço dos meus estudos e aquisição de novos conhecimentos, passei a ver a importância do mundo espiritual, de sua prioridade frente ao mundo material, da necessidade de fazer a vontade de Deus seguindo as lições de espíritos evoluídos. Foi aí que percebi a importância de Jesus de Nazaré e daqueles que aplicavam suas lições com maior fidedignidade, entre eles Francisco de Assis. Nesse momento a importância do meu primeiro nome voltou a minha consciência e passei a assinar quando conveniente, Francisco Rodrigues, principalmente na marcação dos meus livros, o que eu fazia antes usando apenas o nome Rodrigues.
Agora, cada vez mais que tenho a consciência dos compromissos espirituais, mais vejo a importância do meu primeiro nome, que ele tenha sido colocado numa espécie de negociação para salvar minha vida. Mas se hoje eu tivesse que decidir por qual nome usar para identificar a minha vida e os meus projetos intuídos por Deus, eu optaria mais uma vez por Francisco.