Existe uma forte incoerência no meio político, talvez ignorância dos termos que são usados. É dito que um político é “fisiológico” quando ele usa de manobras para com sua influência oferecer e obter vantagens em detrimento de outros políticos e principalmente da população. Dessa forma o termo “fisiológico” adquire uma conotação pejorativa, pois indica uma ação prejudicial ao coletivo em benefício do particular.
No entanto, ao observar qual o contexto que foi criado e aplicado esse conceito, veremos que é muito diferente. A fisiologia é um termo que identifica as diversas ações que se realizam nos organismos vivos. Durante a minha formação de médico estudei a Fisiologia Humana e vi aquilo que os estudos até o momento descortinavam da beleza dessas leis de funcionamento que garantem a vida do ser. No corpo humano por exemplo, possuímos cerca de 100 trilhos de células e todas são submetidas a essas leis para viverem, crescerem, colaborarem mutuamente dentro de um ambiente harmônico, até que, os erros acumulados ao longo do processo e o projeto original tenham chegado ao limite final. Toda a fisiologia que rege essas diversas células, órgãos e sistemas está sintonizada com o bem estar de cada uma delas e com o organismo, com o ser vivo integral, no nosso caso com o homem.
Então podemos ver a incoerência da aplicação de um termo que guarda o bom funcionamento de todo um organismo vivo, para uma prática que visa o benefício particular em detrimento do coletivo, da nação. Se a ideia era tirar um termo originado do funcionamento humano para identificar práticas nocivas do comportamento político, foi muito infeliz a opção pela fisiologia. Caso um estudo mais coerente fosse realizado o termo a ser usado seria “oncológico”.
A oncologia é o termo que se aplica aquelas células que se reproduzem exageradamente, sem controle, que formam tumores, que se lançam na circulação para formar novos tumores em locais mais distantes. Os políticos que agem pensando no seu bem estar exclusivo e nas pessoas da sua família ou de seu grupo de amigos, e quem têm esse perfil “oncológico”, de acumular riqueza e poder em detrimento da coletividade, mesmo que isso cause debilidade nas demais células e logo cause a morte do próprio organismo em que elas tanto sugaram e acumularam suas energias.
Dessa forma vamos fazer justiça aos termos de acordo com suas origens e aplicações. Quando virmos um político desonesto querendo levar vantagem em alguma transação e alguém o enquadrar como “político fisiológico”, vamos pedir licença para fazer uma correção no termo e falar que o dito fulano, parlamentar ou não, que ele é um “político oncológico”.