Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
18/03/2015 23h59
EIXO ESPIRITUAL

            O Sermão da Montanha é o coração do Evangelho, a sua alma, e o eixo espiritual para a minha vida. Não foi à toa que o meu aniversário dos 60 anos eu o colocasse no centro da minha fala, dos meus cumprimentos aos amigos, concluindo no final com a epifania da oração de São Francisco.

            O Sermão da Montanha é a constituição cósmica do universo, a Carta Magna, a síntese, a excelência e o espírito de toda a mensagem do Cristo.

            Na noite que antecedeu o Sermão da Montanha Jesus a passou em meditação, com a alma mergulhada no infinito. Naquela oportunidade Jesus era uma antena receptiva e transmissora, delicada, sutil e fiel; fidelíssima, totalmente afinada com Deus, com a fonte do Amor Absoluto, da Sabedoria Perfeita, da Verdade Libertadora.

            De manhãzinha, ainda todo resplandecente e aureolado dessas harmonias e belezas celestiais, o Mestre permitiu que simplesmente se transbordasse, de forma natural e espontânea, a mais autêntica e sublime mensagem do infinito que o mundo já vira. Naquele momento glorioso, no alto de uma colina, Jesus era a mais fiel e poderosa antena de captação e, ao mesmo tempo de retransmissão inteiramente desinteressada, em benefício de todos os finitos.

            Ele inicia o Sermão da Montanha com as magníficas Bem-aventuranças, que não são propriamente ensinamentos. São antes de tudo raios finitos, coloridos, de uma luz incolor e infinita, que foge à nossa coerência incipiente e se derrama graciosamente por todas as latitudes e longitudes de nossa casa planetária. Não são palavras elaboradas pela cognição, são experiências crísticas, explosões de uma gigantesca implosão, a exteriorização visível do Cristo interno invisível.

            Dessa forma não posso compreender pela via comum dos sentidos, nem mesmo pelos canais intelectivos da mente, essas beatitudes ou bem-aventuranças, seja em seu conjunto, seja em qualquer uma delas isoladamente. Para isso eu preciso de uma profunda meditação, parecida com aquela que o próprio Jesus experimentou, vivenciou e nos deu testemunho.

            Depois disso acontecer na mente, devo viver na prática, em todo o alcance e plenitude, o espírito do grande Sermão. Esta é uma exigência explicitada pelo próprio Jesus: “Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína”. (Mt 7,24-27).

            As Bem-aventuranças contidas no Sermão da Montanha são expressões da mais pura, autêntica e perfeita felicidade, e nada tem a ver com qualquer espécie de prazer material, biológico, instintivo.

            Então fico a perguntar... Que é então uma bem-aventurança? Que é felicidade? Não é uma satisfação íntima, livre de qualquer forma de sofrimento moral? Felicidade é uma serenidade imperturbável da alma, é uma divina paz interior, inexplicável pela cognição, e na maioria das vezes, incompreendida. Não é apenas ausência de dor, mas que pode ser, mas sempre com a mistura da fé e esperança correndo nos trilhos do Amor Incondicional.

            Felicidade é o conforto sublime que procuro aperfeiçoar durante a minha caminhada, seguindo o eixo espiritual do Sermão da Montanha, em busca do bom êxito na mais nobre e difícil de todas as artes, que é a arte de viver. Ser perfeito como “o Pai é perfeito” deverá ser o infinitamente feliz.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 18/03/2015 às 23h59