Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
23/03/2015 23h59
TROPEÇO NO DESERTO

            Ontem tropecei no deserto. Comi além do que era previsto e não atingi a meta que havia estabelecido aos olhos de Deus. Por isso hoje, Ele fez eu pegar um livro (O Evangelho segundo o Filho) e começar a ler um trecho que diz respeito às minhas convicções de seguir o exemplo de meu Mestre, Jesus, quando ele foi instigado também pelo Pai para entrar no deserto.

            Assim, irei discorrer sobre o texto interpretando o que o Pai quer dizer para mim, mesmo falando para o Mestre Jesus, Seu filho amado, o mais perfeito que veio à crosta terrestre.

            Eu mandei Jesus para o alto da montanha, pois não basta ser meu filho e primo de João Batista. Teria de suportar provações, e o primeiro teste consistia nesse jejum. Ele pensava em não comer nada até o crepúsculo, mas eu falei com minha voz em seus ouvidos, sem que ele visse a minha presença: jejuarás até que Eu diga para comer.

            Assim, ele ficou sem alimento algum naquele dia e no seguinte. Passada uma semana, quando as ânsias do estômago haviam cedido lugar a um belo vazio espiritual, ele estava tão fraco que talvez não conseguisse descer da montanha. 

            Ele perguntou em voz alta: quanto tempo, Senhor? E ouviu a minha resposta: muito. Será muito tempo.

            Ele compreendendo que não esta ali para disputar comigo, mas para obedecer a minha vontade, o jejum se tornou mais fácil. Protegeu-se do sol e passou a apreciar o gosto da água, desfrutando a sabedoria que existe à sombra das grandes rochas. Até que essas se tornem frias demais, á noite, a ponto de conterem mais qualquer sabedoria.

            Na segunda semana ele começou a ter visões do rei Davi, e soube que ele cometera um grande pecado. Não conseguia lembrar qual fora sua ofensa, apenas a punição que tinha sofrido. Lembrou que Eu apareci ao seu filho, o rei Salomão, e perguntei o que deveria lhe dar. Salomão disse que não sabia como agir no meio do Meu povo, e o que mais precisava era de um coração compreensivo, capaz de discernir entre os bons e os maus. Ele viu que esse pedido de Salomão Me causara uma boa impressão e que Eu disse a ele: “Como não pedistes vida longa nem riquezas, nem imploraste pela morte de teus inimigos, mas por perspicácia e acuidade de julgamento, então toma cuidado, pois te darei um coração sábio e tolerante.” Mesmo assim Eu outorguei a Salomão tudo aquilo que ele não havia pedido, riquezas e honras, até que não houvesse reis tão magnificentes quanto ele.

            Agora Eu sussurro em teus ouvidos, Jesus, Salomão não guardou os meus mandamentos. Salomão proferiu três mil provérbios e compôs mil e cinco canções. Todo o povo acorreu para ouvir sua sabedoria, e nisso ele excedeu a todos os reis da terra, que lhe trouxeram prata, marfim, macacos e pavões. Mas Salomão amava muitas mulheres estrangeiras. A filha do faraó e as mulheres moabitas, anonitas, edomitas e hititas. Deixou de lado os filhos de Israel a quem Eu havia orientado contra os adventícios que transformariam seus corações e os induziriam a adorar falsos deuses. Cercado de setecentas esposas e trezentas concubinas, Salomão envelheceu e seu coração não estava mais em harmonia Comigo que lhe prodigalizara tantos dons. Por essa razão, Jesus, é que não te darei riquezas, e tu nunca ficarás com uma mulher sob pena de perderes a Mim.

            Jesus passou a meditar sobre os pecados de Salomão. Conclui que essa vantagem Salomão não tivera. Sem comer, em pleno deserto, Jesus não sentia o desejo por mulher alguma, a Minha decisão não lhe causou estranheza. O jejum continuava.

            Durante aquelas semanas permiti que os profetas estivessem com Jesus: Elias, Eliseu, Daniel e Ezequiel. Ele podia recordar as palavras desses profetas como se fossem suas.

Uma vez ele sonhou que estava no lugar de Elias, debatendo com os profetas de Baal e mais de quarenta pagãos que tinham vindo à montanha a fim de sacrificar um boi. Demonstravam devoção a Baal lacerando-se, e o sangue jorrava de suas feridas e eles gritavam, embora Baal permanecesse mudo.

            Diante do silêncio de Baal, Jesus agrupou 12 pedras grandes, representando as doze tribos de Israel, e tratou de restaurar o Meu altar, que havia sido destruído pelos adeptos de Baal. Em seguida cavou uma trincheira em torno das pedras, empilhou madeira sobre o altar e pôs carne crua sobre a madeira. Despejou sobre essa oferenda a água de quatro barricas, que acabou escorrendo por uma vala.

            Eu fiz o fogo nessa madeira úmida e a carne do boi arderem, e evaporar toda a água que escorrera para o fosso. Jesus degolou aqueles quarenta sacrílegos com uma espada, e só então acordou.

            Em verdade Jesus não era Elias, nem tinha os seus sentimentos sanguinários, mas alguém que sonhava com seus pergaminhos, com suas atitudes, e que através do sonho tomava ciência que o jejum devia continuar por quarenta dias e quarenta noites. Ele tomava consciência de que ele ou o povo de Israel não mudasse seus hábitos, todos correriam sérios riscos ao Meu juízo final.

            Também se deu conta de ter dedicado a juventude mais à madeira tratada por suas ferramentas do que ao Meu povo. Não tinha prestado atenção ao que Eu intuíra José lhe falar: “Todos compartilhamos os pecados de Israel, pois não nos empenhamos o bastante para superá-los.”

            Até esse momento, Jesus não sabia ainda que deveria cuidar mais de pecadores que de pessoas sãs. Ele se dava satisfeito com as palavras de Isaías: “Embora o povo de Israel seja como as areias do mar, um resíduo aproveitável há de restar.”

            Prestes a entrar na sexta semana do jejum, nos quarenta dias no deserto, Jesus estava imbuído do espírito de Isaías. Alimentou a esperança de que esse resíduo de bons judeus o ajudasse a recuperar tudo o que havia sido perdido pela nação. Repetindo em voz alta seus provérbios, fitava o sol até sentir os olhos queimando. Meditou sobre as preces mais adequadas aos pecadores e decidiu que falaria exatamente como fizera aquele profeta: “Lavem-se, tornem-se puros; afastem-se do mal, socorram os oprimidos.”

            Na noite que seguiu ao quadragésimo dia Eu lhe falei: “Amanhã podes descer da montanha e comer.” A fome voltou assim que ele ouviu tais palavras, e ele estava faminto.

            Assim, Deus passou esse diálogo pra mim, para que eu refletisse na experiência que Jesus teve no deserto no qual ainda me encontro. Jesus não cometera erros, mas refletiu sobre os erros de Davi e Salomão. Deus não espera de mim a competência de Jesus no deserto, certamente Ele está a perdoar a minha deficiência em não conseguir atingir minhas metas. Mas acredito que Ele reflita nos erros de Davi e Salomão, nos quais Jesus também refletiu. O erro de Davi eu estou longe de cometer, de mandar o marido da mulher que ele desejava para a morte a fim de ficar com sua esposa. O meu perfil é de harmonizar os casais que já estão estabelecidos, de trazer justiça ao relacionamento, mesmo que isso implique em ações não aceitáveis culturalmente.

            Agora, o erro de Salomão com a diversidade de mulheres é mais fácil de eu cometer. As mulheres estrangeiras com relação ao reino de Israel, com as quais Salomão se envolveu e foi envolvido por elas em seus interesses de adorar outros deuses, pode ser cometido por mim se não tiver cuidado com outra perspectiva mais atualizada.

            As mulheres estrangeiras no contexto atual de minhas percepções são aquelas que não pertencem ao Reino de Deus, ao Reino regido pelo Amor Incondicional. Ao me envolver com essas mulheres que são dominadas e as vezes obcecadas pelo amor romântico, condicional, portanto pertencentes ao Reino da Matéria, do egoísmo, estrangeiras da pátria na qual habito, corro o risco de ser envolvido por suas emoções e cometer injustiças e desvios da meta. Até agora estou firme nos meus propósitos e sofrendo a consequência, a maior delas é ter que morar sozinho, longe do afago dos filhos ou companheiras. Não posso deixar que a influência estrangeira que elas trazem em seus corações e que não conseguem se libertar, se transformar para entrar em meu reino, o Reino de Deus, transforma a harmonia da minha vida e a sintonia que eu tenho com o Pai. Todos os recursos que o Pai colocou ao meu alcance, financeiros, fisiológicos, morais e cognitivos, eu ponho todos a serviço do Amor Incondicional que é a grande Lei do Senhor.

            Portanto, recebo a mensagem do Pai e fico satisfeito, apesar dos tropeços no deserto, pois vejo que Ele não me repreende, apenas chama a minha atenção para erros graves cometidos no passado por pessoas que pensavam e que O amavam como eu. Ouvi, compreendi e estou disposto a seguir com determinação a estrada que Ele colocou como minha destinação. Sei que nesse mar de areia de pessoas na terra, todas filhas do mesmo Pai, algumas existem capazes de colaborar comigo nesse projeto tão difícil e tão importante.

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/03/2015 às 23h59