Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
20/04/2015 00h01
MOVIMENTO ALFA E ÔMEGA

            Descobri um movimento espiritual que atua nas universidades, chamado de Movimento Estudantil Alfa e Ômega. É um ministério internacional e interdenominacional, formado por estudantes universitários cristãos evangélicos comprometidos em levar a mensagem do evangelho de Jesus Cristo a cada estudante.

            Como sou coordenador da disciplina opcional Medicina, Saúde e Espiritualidade, fui à busca do site do Movimento e copiei todo o material que ele disponibiliza. Verifiquei que o Movimento tem como alvo trabalhar para ajudar as pessoas em seus relacionamentos com Deus, a crescerem espiritualmente, desenvolverem liderança e relacionamentos interpessoais saudáveis.

            Vejo assim que o foco do Movimento é ligeiramente diferente da Disciplina. A Disciplina procura mostrar os fundamentos lógicos do mundo espiritual, quer sejam ou não reconhecidos pela ciência. Não privilegia nenhuma religião em particular, mesmo que reconheça a doutrina dos espíritos como a mais coerente e a autoridade espiritual de Jesus de Nazaré a mais superior e que serve como o modelo mais perfeito de comportamento para o ser humano. A Disciplina é ministrada por professores voluntários de qualquer religião, desde que informem sem proselitismo os fundamentos espirituais da fé que professam e a sua aplicação nos cuidados com a saúde.

            A existência desse Movimento é mais uma prova de que o interesse sobre o mundo espiritual está entrando cada vez mais no mundo acadêmico, mesmo que ainda existam críticas contundentes sobre essa possibilidade que se torna cada vez mais uma realidade. A forma de eliminarmos essas críticas que bloqueiam a entrada dos conhecimentos espirituais na academia é a de evitarmos os dogmas que existem em cada religião e que são inalcançáveis pela lógica e incorrigíveis pela razão.

            O Movimento Alfa e ômega está recheado desses dogmas religiosos que são refratários às criticas e portanto não podemos usar a lógica com eles como fazemos em qualquer outro aspecto da Natureza. Isso distancia a prática acadêmica da prática espiritual, quando esta é desenvolvida nesse formato. Já cheguei a ver em outro momento um cartaz do Movimento Alfa e Ômega aqui de nossa universidade, que convidava os estudantes para um momento de oração e reflexão, ter sido criticado duramente à lápis, por cima do cartaz, com a assinatura de um professor.

A minha postura de defensor da espiritualidade dentro da academia não pode está atrelada a nenhum dogma, pois eu não posso deixar de enfrentar esse confronto dentro do campo da lógica e da razão, que é o campo da ciência. Como o meu campo é o campo da Verdade e que essa abrange todos os aspectos da realidade da Natureza, visível ou invisível aos nossos olhos, mas alcançáveis pela lógica e dimensionados pela razão, entendo a própria Ciência como um universo que está contido dentro do conjunto da Verdade, e portanto, pela lógica racional, o meu campo é o mais amplo. Devo está pronto, assim, para mudar meus preconceitos ou paradigmas quando eles se tornarem indefensáveis frente à lógica dos argumentos e a verdade dos fatos à minha frente.

Os conceitos espirituais que devo oferecer aos meus alunos devem estar desde as primeiras aulas dentro da mais rigorosa lógica. Mesmo que eu saiba que dentro do próprio hospital que eu trabalho e onde funciona a minha disciplina, exista uma capela ligada à Igreja Católica e que está cheia dos dogmas eclesiásticos refratários a qualquer tipo de lógica. Devo entender aquela capela como uma ilha religiosa que procura dar o conforto espiritual a quem necessita e a procura. Jamais um ambiente de discussão acadêmica como é a minha sala de aula. Todos os conceitos que eu ou qualquer convidado venha a apresentar na sala de aula do curso que administro, devem estar sujeitos à crítica e a possibilidade de mudança de direção se os argumentos apresentados tiverem força racional para isso.

Esta postura acadêmica, racional do curso, sintoniza com os argumentos da Doutrina Espírita, que deixa bem claro em seus princípios, que seu compromisso primeiro é com a Verdade, e se qualquer argumento que ela defenda entre em choque com essa Verdade, a Doutrina está pronta para readaptar seus argumentos incluindo assim a Verdade identificada. Não posso, por outro lado, criticar ou tentar eliminar qualquer religião por causa dessa rigidez na defesa dos dogmas, pois devo entender que cada pessoa tem a liberdade e o direito de direcionar a sua vontade para a fé que melhor atenda as suas necessidades espirituais. Porém, no âmbito acadêmico, as necessidades individuais devem estar subordinadas às necessidades coletivas, do conjunto, e esse conjunto sempre está associado à Verdade, mesmo que essa Verdade, não atenda por algum motivo à necessidade de qualquer indivíduo em particular. O que não posso deixar que venha acontecer é subordinar a Verdade que interessa ao coletivo à necessidade que interessa ao particular.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/04/2015 às 00h01