Parece que Deus fez tudo bem organizado para me colocar dentro desta situação que parece mesmo uma sala de vestibular, onde eu serei testado se sou capaz de entrar ou não neste Reino de Deus que tanto advogo, seguindo as lições do Mestre Jesus.
Sei que fui testado em outras ocasiões, diversas vezes, para avaliar questões pontuais, como tolerância, caridade, perdão, ciúme, etc. Desta vez a coisa é mais séria, trata de entrar ou não no Reino de Deus. É como se eu tivesse sido testado antes em algumas disciplinas, mas que agora eu faria o teste para ver se entro na Universidade.
Tudo começou com o assassinato de um rapaz da comunidade da Praia do Meio e que sua mãe procurou-me na reunião da AMA-PM, num dia de quinta feira. Como ela precisava de medicamentos, fiquei de adquirir amostras grátis para ela e que entregaria na próxima reunião da quinta-feira. Ela disse que não poderia, pois iria participar da missa de 30º dia da morte do seu filho na igreja do bairro. Começou aí articulação circunstancial do Senhor. Como eu estava também querendo um momento para articular a participação da igreja católica com o trabalho da Associação, disse então a essa senhora que iria convidar os meus colegas para irmos a essa missa, o que a deixou muito contente. Durante a missa senti que o cenário estava montado. Ao ser chamado para falar, era como se Deus estivesse exigindo de mim uma prova teórica, o que eu iria dizer naquele momento. Peguei o microfone para falar aos fiéis que lotavam a igreja. Percebia eu estava na Casa de Deus, que existia ao meu lado a imagem da Sagrada Família e na parede de traz um crucifixo onde meu Mestre estava pregado. Falei como já deixei registrado no diário anterior. Ressaltei a construção do Reino de Deus que podíamos fazer a partir da limpeza em nossos corações e de nos relacionarmos como irmãos, como estávamos tentando fazer nesta comunidade. Coloquei como exemplo, que a família biológica que hoje havia perdido um filho, um pai, um irmão, um companheiro, automaticamente deve haver um despertar de amor na comunidade e essa família deve ganhar um filho, um pai, um irmão e um companheiro espiritual, não só dentro desta igreja, mas em qualquer circunstância que amanhã a vida ofereça.
Pronto! Fiz o meu teste oral e acredito que consegui passar. As palavras vieram do fundo do meu coração, e eu sabia que estava ali a me observar, a banca de avaliação composta pelo Pai, Filho e Espírito Santo. Sabia que eu estava sendo avaliado nas palavras e sondado no coração, ver se o que eu dizia tinha sintonia com o que eu sentia. Não observei nenhuma culpa na minha consciência, portanto não feri a Lei de Deus, então eu consegui ser aprovado no teste teórico. Mas, o vestibular de Deus não terminava aí. Ele agora estava preparando o teste prático. Aquele casal que acabava de perder o filho estava afogado em lágrimas e em desespero. O pai não conseguia trabalhar e já pensava em acabar com a própria vida. Eu cheguei perto deles e disse que iria lhes ajudar. Que me procurasse às 8h no consultório que iria fazer o atestado para afastá-lo do trabalho e dar as amostras grátis dos medicamentos que eles precisavam.
Com tudo isso eu sentia que continuava sendo testado pelo Pai, Ele queria ver meu comportamento na prática, se o que eu acabava de dizer em público com o microfone na mão, era capaz de fazer no silêncio da caridade e fraternidade. Essa minha conversa na igreja foi apenas o preâmbulo do meu teste. No momento que estou digitando essas considerações, já são 6:30h, dentro de hora e meia devo encontrar com esse casal que ficou de me procurar no consultório. Sinto que o Pai fez toda essa preparação para me mostrar o que eu sempre interrogava a Ele: o que fazer neste trabalho comunitário do Reino de Deus se tudo que é feito parece simplesmente um trabalho assistencialista de minorar o sofrimento, mas que tudo continua do mesmo jeito? Então o Pai está colocando esse casal na minha frente e deve olhar com atenção o meu comportamento. Então, Francisco, deve pensar Ele, tu vai agir com assistencialismo ou como o parente que a família perdeu?
Eita!!!! Sinto nos ombros o peso da responsabilidade! Eu devo encarar esse casal como pessoas que perderam um filho, e eu como médico posso ajudar com um atestado e uma receita médica, numa atitude assistencialista? Ou devo considerar esse casal como meus pais espirituais, que necessitam agora do seu filho espiritual, assim como toda a família: como a filha precisa agora do pai espiritual; como o irmão precisa do irmão espiritual; como a companheira precisa do companheiro espiritual...
Pronto! A minha consciência conseguiu alcançar o dilema que foi formado. Agora é entre os meus interesses materiais, exclusivistas da minha família biológica, e entre os interesses da família universal. É algo que eu nunca tive lições sobre essa prática, apenas sinto que as lições do Mestre Jesus levam a esse comportamento, mesmo que eu não consiga explicar com todas as minúcias metodológicas, é algo ligado à minha intuição.
Peço a Deus sabedoria para que eu consiga agir de acordo com os interesses do meu espírito que é realmente ter condições de passar neste vestibular e me capacitar para frequentar este Reino dos Céus no mundo material.