A partir da eleição da presidente (que teima em ser chamada de “presidenta”) em 2014, sob a suspeita de manipulação das urnas eletrônicas e de mentiras escancaradas sobre o que aconteceu no seu primeiro e o que iria acontecer no segundo mandato, muita gente divulgou a sua discordância e protestos pelo que aconteceu e continuaria acontecer. Tudo isso tinha o fermento do alto grau de corrupção que atingiu o país, comprometendo as empresas estatais e instrumentalizando partidariamente as instituições democráticas, inclusive os setores jurídicos da nação, para viabilizar a manutenção no poder e dar à República brasileira um perfil sócio-comunista.
A minha insatisfação com essa situação se manifestava em trabalhos intelectuais que divulguei em artigos nos jornais ou mensagens que colocava nos grupos de whatsapp que eu participava. Foi esse o motivo pelo qual fui convidado para participar de um grupo que estava se estruturando em Natal, que tinha a mesma compreensão sobre o processo político que o país atravessava. Esse grupo passou a se chamar Força Democrática, e nessa primeira reunião que participei no Chaplin Recepções, levei três artigos que havia produzido sobre essa questão. Observei que o grupo era bastante diversificado, pessoas jovens e pessoas mais idosas como eu, dos mais diferentes campos de trabalho, nos níveis públicos e privados, nas áreas civis ou militares. Todos bastante interessados em contribuir para reverter o processo caótico que todos entendiam estar entrando o Brasil com a direção que o partido político, o PT, que assumiu o poder, passou a executar.
Participei junto com esse grupo e com outros que se formavam nessa ocasião, tanto no âmbito local quanto no âmbito nacional, de outras reuniões em locais públicos e em residências. Participei também de duas caminhadas com milhares de pessoas e, participei também, principalmente, do grupo no whatsapp que sempre está lotado com as 100 pessoas que é o limite. Vejo a movimentação do pessoal dentro desse grupo, mas não consigo ter o mesmo nível de militância, pois sou envolvido com muito trabalho, tanto profissional, quanto comunitário e espiritual. A minha contribuição termina sendo mais financeira, colaborando com as necessidades que surgem, e também no campo intelectual com a opinião e confecção de artigos que posso publicar em jornais.
Ontem foi feito uma comunicação no whatsapp de uma pessoa se sentindo desanimada pelo esforço que faz até esse momento e não percebe sinais de mudança no horizonte, parece que todos se acomodam com o nível de corrupção, de forma direta e indireta, e nada parece mudar, reclamava ele. Outros colegas se manifestaram comentando a pertinência dos pensamentos do colega e as suas próprias opiniões. Foi aí que percebi a riqueza de pensamentos políticos e filosóficos que existem dentro dessa comunidade virtual, e que tudo isso se perde com o apagar das mensagens que cada um faz quando a memória do aparelho fica lotada. É bom registrar que isso acontece com facilidade, pois a produção de mensagens nesse grupo fica em torno de 500 por dia.
Foi com essa percepção que vi a possibilidade de dar mais uma contribuição, registrar os comentários mais importantes e cheios de conteúdo político e filosófico para mais tarde mostrar à opinião pública o esforço que este grupo fazia para sanar as feridas que começavam a ser abertas na nação.
Então resolvi abrir mais um campo de trabalho intelectual com este propósito de fazer o registro dessas mensagens pertinentes como se eu fosse uma célula localizada no cérebro do ente coletivo da sociedade, responsável pelo registro de curto prazo dos elementos importantes, da mesma forma que acontece no cérebro animal onde a estrutura neural chamada de hipocampo tem essa responsabilidade de registrar as informações de curto prazo. O grupo do whatsapp seria o hipocampo e eu seria uma simples célula, compondo esse “hipocampo”, responsável direto pelo registro das informações para disponibilizá-las num futuro próximo, de acordo com as necessidades de uma vida coletiva saudável.