Na leitura do livro “Pascal” escrito por Huberto Rohden, encontrei um trecho nas páginas 59-60 que reforçou bastante o meu pensamento e que reproduzo na íntegra:
“Mestre de Sacy (filho de uma irmã do célebre Jansenista Arnauld) introduziu Pascal na vasta selva de grandiosos pensamentos que são as obras de Agostinho. E a alma do grande pensador gaulês fundiu-se com o espírito congenial do grande místico africano. Todos os futuros triunfos, como também os seus violentos conflitos espirituais, têm raiz na ideologia agostiniana. Não há, aliás, em toda a história do Cristianismo homem algum que tenha dado ocasião a maior número de ideologias várias e desencontradas do que o célebre filho de Mônica. Quem entra nessa selva tropical de pensamentos com o intuito de fazer a sua coleção de ideias ou provar a sua tese predileta, encontra abundantíssimo material para seu jardim ou seu museu espiritual – tão panorâmico é o espírito de Agostinho. Com as obras do Bispo de Hipona podem-se provar, mais ou menos, todas as ideologias espirituais; basta colecionar pensamentos de certo colorido e deixar de parte os de outros coloridos – assim também como se pode provar que a luz do sol é verde, vermelha ou azul, conforme a afirmação exclusiva que se faça desta ou daquela faixa do prisma produzido pelos raios solares. Os grandes homens, porém, não são exclusivistas, mas, sim, eminentemente inclusivistas, e só um espírito de vasto e panorâmico inclusivismo é que pode compreender e interpretar corretamente os gênios de horizontes universais. O Evangelho de Jesus Cristo é o que há de mais inclusivista e panorâmico que se possa imaginar – e dele precisamente têm os espíritos estreitos e exclusivistas feito a mais horripilante caricatura que já apareceu na face da terra. Todas as polêmicas teológicas e todas as guerras de religião, nasceram desse exclusivismo, destruindo a harmonia espiritual da humanidade que o vasto inclusivismo de Jesus estabeleceu entre os homens.
Sempre estou dizendo nos círculos da minha intimidade, que a forma do meu Amor Incondicional é manifestada nas minhas ações através da inclusividade com todos, inclusive nas teorias acadêmicas e espirituais. Quem está sintonizado com o amor condicional próprio do romantismo, acha esquisita a minha tese e paradigmas de vida. Não conseguem entender como é possível uma pessoa que se relaciona intimamente comigo ter o direito de se envolver afetivamente com qualquer pessoa que o seu coração pedir, que eu garanta esse direito e, além disso, passe a amar com um diferencial positivo aquela outra pessoa que minha companheira permitiu ter afeto íntimo por ela. Dentro do exclusivismo do modo dessas pessoas pensarem e agirem, nenhuma até agora eu tenho visto aceitarem essa proposta da inclusividade afetiva, ou mesmo entenderem em profundidade. Não conseguem perceber que a realidade do Reino de Deus só é alcançada com a aplicação do Amor Incondicional e essa só pode ser manifesta com a inclusividade, e não com a exclusividade.
Essa forma de pensar me deixa isolado no meio social, um estranho no ninho, como um ser de outro planeta, de uma civilização muito diferente desta em que estou inserido. O que me deixa feliz são textos dessa Natureza que reforça que, por mais que eu me sinta solitário na sociedade em que vivo, no meu modo de pensar estou associado aos grandes personagens da humanidade, inclusive ao próprio Cristo!