Mais uma vez entrei dentro de uma crise emocional desenvolvida por terceiro. A mesma pessoa que passa por um conflito com o marido o qual está com uma amante e que já chegaram perto da agressão física. A mulher é a mais prejudicada nesse momento, pois tem uma forte ligação emocional com o marido e exige que o casamento seja preservado e respeitado, o que vai contra os desejos e vontade do marido. Mesmo assim existem momentos rápidos de reconciliação onde a Verdade não é colocada e a mentira impera, principalmente da parte dele.
Esse caso que estou acompanhando de perto já me deu a motivação para escrever uma cartilha sobre o Amor Incondicional. Isso aconteceu porque no momento que eu tentava fazer a mulher entender que devia encher o coração de amor para resolver a situação, ela protestava dizendo que isso não iria resolver, pois foi devido o amor que ela estava daquela forma. Percebi assim que a forma dela entender o amor era muito diferente da forma que eu entendo e procuro aplicar. A forma que ela desenvolve o amor está sempre contaminada pelo romantismo que tem em sua base o exclusivismo, o ciúme, a posse. Isso gera fatalmente os conflitos que observo agora, quando falta a liberdade e o sentido de obrigação elimina o germe de amor que nunca chegou a se desenvolver na consciência de qualquer tipo de amante vinculado ao romantismo.
Agora estava eu mais uma vez frente aquela mulher incendiada pela mágoa e ressentimento, ódio e sentimento de vingança, que a destruía de forma rápida e impiedosa. Todos os meus argumentos não alcançavam à sua consciência, pois a crise emocional não permitia. A crise era tão intensa que a mulher chegou a sofrer três desmaios rápidos. Tive que usar os medicamentos que servem para atenuar o ritmo de trabalho dos neurônios, de apagar esse incêndio emocional com os recursos da química. Mantive ela deitada no sofá a maior parte do tempo usando o frase “Procure respirar lento e profundamente, e relaxe”, como refrão para apaziguar os pensamentos que iam e viam de sua mente de forma obsessiva. Não apresentava condições de absorver qualquer outra mensagem de conteúdo técnico ou espiritual. Até esse refrão era difícil ser acolhido pela consciência. Toda a motivação estava envolvida com sentimentos de menos valia, de baixa autoestima, de ressentimentos pelo que ouvira e acreditara durante toda a vida e agora não se concretizava e parecia que tudo escapava de seu controle. Não cansava de pedir ajuda, mas não compreendia outra forma de ajuda a não ser aquela que fizesse o seu marido voltar a ser o que era, que esquecesse e abandonasse a amante com a qual ele estava envolvido.
Ficava deitada por alguns instantes até mesmo com ajuda física e sempre queria sair do lugar e envolver mais pessoas na perspectiva de resolução de seu drama. Pedia para eu ligar para o marido, mas eu argumentava que só ligaria se ela autorizasse que eu dissesse que ela gostava dele e que não se importava se ele estava namorando outra pessoa. Eu dizia que só ligaria para ele se fosse para ele se sentir bem, e somente com uma informação desse tipo é que ele iria ficar satisfeito. Quando ela ouvia isso aí era que entrava em desespero, mas isso cumpria a função de colocar a verdade que existe com toda a força na consciência dela, e com o tempo os seus pensamentos podem ficar mais ajustados à realidade e atenuar a força desse incêndio emocional. A atitude contrária de mentir ou omitir a realidade para atenuar de imediato o seu sofrimento, tem o inconveniente do prolongá-lo por muito mais tempo, já que a realidade é outra e sempre vai se impor frente a falsidade que se pinta dos fatos.
Enfim o remédio fez o efeito e atenuou as labaredas das emoções e permitiu que ela conversasse com mais calma e fosse para a cama sem tanto sofrimento. Mas é importante que a psicoterapia seja realizada para que a sua consciência se ajuste aos fatos e ela tenha condições cognitivas de trilhar por novos caminhos.