No livro “Retratos de Nazaré” ditado por Leon Tolstoi à médium e psicóloga Cirinéia Iolanda, ele cita um trecho do livro “O Evangelho segundo o Espiritismo” de Allan Kardec:
Disse o Cristo: deixai que venham a mim as criancinhas. Profundas em sua simplicidade, essas palavras não continham um simples chamamento dirigido às crianças, mas, também, às almas que gravitam nas regiões inferiores, onde o infortúnio desconhece a esperança. Jesus chamava à si a infância intelectual da criatura formada: “Os fracos, os escravizados e os viciosos”. Queria que os homens a Ele fossem com a confiança daqueles entezinhos de passos vacilantes, cujo chamamento conquistava para o Seu, o coração das mulheres, que são todas mães.”
Chamou-me a atenção essa comparação que Ele fez dos fracos, dos escravizados e dos viciados com as criancinhas. Eram essas pessoas que já adultas, que viviam uma infância intelectual, e fiquei a refletir, que apesar de todo o meu conhecimento, acadêmico e espiritual, e disposto a ser instrumento de Deus, ainda vivo uma infância intelectual. Mesmo que não seja tão intenso, ainda identifico em mim essas características de fraqueza, escravidão (nem tanto) e vício e defeito (com relação à gula e preguiça). Ainda não tenho percepção, vejo agora, de ser uma pessoa madura, cumprindo com determinação e sabedoria uma missão dada pelo Pai.
Dessa forma eu compreendo que devo me aproximar de Jesus não como de forma equivalente ao estágio espiritual que Ele alcançou, da missão difícil que Ele cumpriu com determinação e coragem. Não, eu devo me aproximar como uma daquelas criancinhas que Ele abrigou frente a todos, com a sua inocência, de ainda não terem sido contaminadas pelas armadilhas egoístas do mundo material.
Sei que perdi a minha inocência ao lidar com esse mundo material, que deixei de cumprir a vontade do Pai muitas vezes, mas acredito que sempre aconteceu por ignorância, até ter atingido a idade adulta onde me vejo prejudicado com os vícios e defeitos da alma que adquiri no meu percurso de vida.
Espero que essa consciência que a cada dia eu liberto de parte da ignorância que ela ainda mantém, que me seja útil para me elevar dessa condição de criança intelectual que ainda tenho comigo.
Peço antecipadamente ou posteriormente o perdão daquelas pessoas que irei magoar ou que já magoei devido essa ignorância e fraqueza que deixam muitas vezes eu dirigir as minhas ações ao senhor equivocado, ao senhor errado: o mundo material com todos os seus atrativos e desejos de prazer e poder, quando eu já decidi com toda a força das minhas intenções, em fazer a vontade do Pai, a vontade do Senhor divino, o Senhor espiritual, o Senhor da Vida.