Após o fracasso na tentativa de libertação do meu espírito da escravidão que o corpo impõe sobre ele, li na minha agenda, “Diário Bíblico” da Editora Ave Maria, um trecho do Evangelho escrito por João (16, 20-23):
“Em verdade, em verdade vos digo: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo se há de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de transformar em alegria. Quando a mulher está para dar a luz, sofre porque veio a sua hora. Mas depois que deu à luz a criança, já não se lembra da aflição, por causa da alegria que sente de haver nascido um homem no mundo. Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos outra vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria. Naquele dia não me perguntareis mais coisa alguma.”
Essa lição do Mestre veio me trazer a compreensão de que é preciso o sofrimento para acontecer a libertação. Como é que eu iria alcançar a libertação da minha alma, se eu não deixo de atender os desejos do corpo? Para ser objetivo e focando nos motivos da última postagem, como eu iria alcançar a liberdade do espírito do jugo da gula, se eu não me abstive de ter o prazer decorrente da degustação de pratos saborosos? Este é um exemplo pequeno comparado com a missão que recebi do Pai de construir uma comunidade onde os relacionamentos aconteçam com obediência à Lei do Amor Incondicional. Para atingir essa meta eu tenho que me livrar dos vícios e defeitos que minha alma carrega. E para me livrar disso é preciso que eu esteja disposto a enfrentar o sofrimento, pois somente assim eu poderei me alegrar ao ver o Cristo no futuro, como Ele mesmo afirma.
Tudo parece ainda mais difícil, pois quanto mais eu estudo e adquiro conhecimentos sobre o mundo espiritual e o que se deve fazer para caminhar dentro da evolução espiritual, mais eu percebo que tenho defeitos e vícios, e que não são tão fáceis de corrigir. É preciso que eu esteja disposto a sofrer para conseguir me libertar do jugo da escravidão do egoísmo animal e assim ter condições de ficar alegre nesse encontro com Jesus.
Com essa nova compreensão eu fico mais conformado com as falhas e fraquezas dos últimos dias, e ainda mais sabendo que estava com o Pai na “torcida”. Mas sei que Ele perdoou automaticamente esses meus erros e que volta a “torcer” pelo meu sucesso. Da minha parte estou disposto a recomeçar mais uma vez, agora sabendo mais detalhes de como pode acontecer uma recaída. Muito parecido com a dependência química, onde a pessoa que sofre uma recaída deve lembrar dos mecanismos que foram usados para ela recair, como forma de ficar no arsenal de coisas e sentimentos que devem ser evitados para não voltar a usar sua droga de desejo.
Com relação a gula aprendi que minha mente gera pensamentos e sentimentos que me aproximam de ambientes de alimentação. Fico a imaginar pessoas que poderiam me acompanhar nas refeições, serviços que possam oferecer tal alimento da minha preferência, etc. Quando isso acontece o desejo se inflama e parece que anestesia a vontade, a voluntariedade. A recaída é fatal!