Sempre tenho uma preocupação com relação a evangelização. Sei da importância de transmitir a mensagem de Jesus a toda a humanidade, mas parece que essa é uma tarefa complicada, que parece nunca ter fim. Além da diversidade de povos que ainda não tiveram a oportunidade de ouvir ou ler sobre a Boa Nova, sobre os Evangelhos, dentro da própria comunidade estão sempre nascendo mais pessoas que precisam dessas lições. Então a impressão que eu tenho é que isso vai se prolongar ao longo do tempo, como vem decorrendo há mais de 2000 anos.
Ao pegar um táxi notei que o motorista estava com uma Bíblia sobre o painel do carro. Comentei o estado do livro, pois vi que estava bastante estragado, com a capa desfiando em vários lugares. Ele explicou que havia sido presente da sua esposa que tinha avós evangélicos, eram pastores e criaram diversos templos em Natal. Perguntei o que ele achava da vida espiritual e notei que a compreensão dele ficava na superfície do assunto, não tinha uma penetração tão forte quanto a minha que consegue entender toda a sistemática evolutiva que acontece nos dois mundos. No entanto, posso considerar esse taxista uma pessoa acima da média culta da sociedade. Tem familiaridade com os autores clássicos da literatura e não parece ter radicalismo religioso. Faz críticas superficiais ao conteúdo da Bíblia e conseguiu entender a minha principal observação quando ele me perguntou o que eu achava da Bíblia e eu respondi:
“São diversos livros que foram escritos por pessoas diferentes e geralmente inspiradas por um sentimento religioso. Como foram escritos por pessoas humanas carregadas com seus vícios, defeitos e preconceitos, podemos observar várias discrepâncias. Sem falar da impossibilidade de considerarmos literalmente a verdade da obra, existem as duas personalidades e conceituação totalmente distinta do Deus do Antigo e do Novo Testamento. Um Deus violento, ciumento, vingativo e destrutivo que deu a Moisés os Dez Mandamentos, e o Deus compassivo, tolerante, bondoso e amoroso que mandou à Terra o Seu filho unigênito para nos ensinar o caminho da salvação, do Amor Incondicional.”
Ele conseguiu perceber sem dificuldade essas flagrantes incoerências, mas eu não tive como explicar de forma racional e objetiva toda a compreensão que tenho com relação à dinâmica evolutiva da vida na qual se encontra a integração entre o mundo material e o mundo espiritual. O tempo da corrida era bastante escasso para esse propósito e eu também não tinha bem definido em minha mente como poderia começar essa tarefa.
Ao chegar ao meu destino entreguei como empréstimo o livro de Léon Tolstoi, “Retratos de Nazaré”, que estava lendo e comentei que era de um autor russo, desencarnado, que falava sobre as atividades de Jesus quando estava encarnado entre nós. Ele ficou bastante animado e disse com alegria que iria ler sim, com toda a atenção.
Fiquei então a refletir sobre tudo isso que conversamos e que era necessário eu produzir mais um livro: “Uma nova Evangelização”. Existem muitas pessoas como esse taxista que tem uma boa perspectiva espiritual, mas ainda não encontraram um caminho racional para entender a natureza dos mundos material e espiritual no qual se opera a nossa evolução. Como eu já tenho um forte embasamento e já caminho por uma trilha bem objetiva e racional no sentido de privilegiar o mundo espiritual em detrimento do material, tenho que colocar as minhas razões dentro da opinião pública, de forma acadêmica, sem radicalismos. De uma forma mais coerente, que não necessite da repetição constante das lições gerações após gerações, pois se permanecer assim fica muito mais difícil se alcançar as condições necessárias para a construção do Reino de Deus que Jesus previu que já estava próximo.