No domingo dia 17-05-15, depois da caminhada na Praia do Meio, fiz uma reunião em família na casa de meu irmão, onde cada um falava sobre as virtudes de quem era sorteado no momento, e no final, quando todos tivessem colocado como viam as virtudes do sorteado, este teria oportunidade de falar sobre seus defeitos. Havia momentos emocionantes onde lágrimas eram vertidas durante o relato de quem falava e de quem escutava. Quando chegou a minha vez, todos falaram as minhas virtudes que eram muitas e eram suficientes para cobrir os defeitos que todos temos, e eu também. Somente a minha companheira que foi a minha primeira esposa, gastou todo um tempo bem ampliado, mais num relato negativo de minha relação com ela, do que com as minhas virtudes. Colocou fatos do passado tristes e até criminosos, com relação ao aborto, que estão armazenados em sua memória, e as lágrimas dela denunciavam o sofrimento que ainda habita com pujança no seu coração. Todos ouvimos em silêncio. Apesar do foco está sendo desviado do relato das virtudes no presente para o relato dos aspectos negativos do meu comportamento no passado, ninguém interferiu para fazer essa correção. Todos intuíram que ela necessitava desse desabafo do que ia em seu coração, e que eu poderia suportar o tranco do que estava a ouvir, como muitas vezes acontece em alguma reunião que ela tem oportunidade de falar alguma coisa sobre meu passado.
Na minha vez de falar, e que eu deveria falar sobre o que tenho de negativo, eu comecei elogiando o fato de minha companheira sempre lembrar para mim nessas reuniões que eu não sou o perfeito como muitas vezes deixo transparecer, mas que possuo dentro de mim sérios defeitos. Falei então do defeito que os outros consideram o mais grave, mas que eu não vejo assim. Como os defeitos que eu considero como reais como a preguiça e a gula, não tem tanta importância para os demais, eu vou fazer considerações então para o que eles consideram mais graves, mas que para mim é o normal.
Para ser bem direto, o que é considerado mais grave no meu comportamento é o fato de eu me relacionar livremente com as mulheres que sintonizam comigo e ir até a intimidade sexual, sem construir com essa pessoa um relacionamento exclusivo na base da família nuclear tradicional. Mas, eu fui desviado desse padrão comportamental exclusivo, da família nuclear tradicional, depois de profundas reflexões levadas dentro de sérios critérios de justiça. Ao considerar o Amor Incondicional como a maior Lei que deve reger nossos comportamentos, e que não deve ficar subordinada a nenhuma lei humana, eu passei a sair dos padrões culturais. Eu considero essa Lei do Amor Incondicional a expressão em nossos corações do próprio Deus. Um Deus que eu devo amar acima de todas as coisas como Jesus ensinou, e que ele está presente na Natureza, em tudo que Ele criou, inclusive em mim. Por esse motivo Jesus também ensinou que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, pois a expressão de Deus que está dentro de mim, também está expressa dentro do próximo. Foi aí que existiu a abertura para a minha relação íntima com outras pessoas e vislumbrou na minha mente a possibilidade de ser construída uma família ampliada que viesse a ser a precursora da Família Universal que Jesus também ensina que será a base do Reino de Deus. Quando percebi que estava dentro desse contexto, eu percebi também que isso seria a vontade de Deus dentro desse psiquismo, que Ele estava orientando meus passos, num primeiro momento inconsciente e a cada momento cada vez mais convicto de que sim, em tudo em minha vida tinha a mão de Deus a me apontar caminhos. E eu aceito tudo que vem dEle, pois desenvolvi a vontade de fazer aquilo que entendo ser a Sua vontade. É nesse contexto o que considero normal dentro da projeção de minha vida, e que a maioria considera anômala, pois não obedece as normas culturais do relacionamento familiar tradicional. Eu sei que essa forma de agir não permite que eu esteja integralmente ao lado de uma pessoa como aconteceu no meu primeiro casamento. Eu sei que os meus filhos e principalmente as minhas companheiras irão se ressentir da minha ausência no momento que eu estiver com outras pessoas. Esta é uma consequência que eu não posso evitar dentro deste caminho que entendo ter sido colocado por Deus para eu trilhar. O que posso fazer é advertir a todas que se aproximam de mim e que sintonizam comigo, quem eu sou, o que penso, o que sinto, e o que faço, de forma honesta, para elas, se quiserem, tentar se adaptar a essa situação e ensinar aos seus filhos que porventura venhamos gerar que tipo de pai e companheiro eu posso ser. Sei que a minha primeira esposa não teve a chance de fazer essa escolha, se eu pensasse assim antes de nos conhecermos ela possivelmente não teria me escolhido, como fez, para ser o seu marido e pai de seus filhos. Por isso, de todas é a única que devo uma enorme satisfação e explicação, e até pedido de perdão por não poder ter cumprido o que prometi no altar. Mas com todas as outras que vieram depois dela não justifica esse pedido de perdão, pois todas sabem antecipadamente com quem vão se relacionar, e que cabem explicar aos seus e nossos filhos a natureza do pai que elas escolheram.
Ao final do meu relato a minha primeira esposa ainda queria fazer considerações, mas como entraria em outro aspecto da reunião que não era o objetivo naquele momento, pedi licença e a interrompi alegando esse motivo de fugir do foco. Mas, afirmei, que sentia que o que ela queria colocar continuava pertinente e que encontraríamos outro momento para em outra reunião como esta, para que ela pudesse colocar todos os argumentos que considera importantes sobre mim e que eu também colocaria todos os fatos que aconteceram e que ela até hoje não tem uma clara compreensão de tudo isso. Enfim, seria um inquérito sobre a verdade e que isso é muito importante para nos aliviar de sofrimentos, pois mais uma vez, seguindo as lições de Jesus, a verdade nos libertará. Afinal, eu estou caminhando certo ou dentro de um desvio equivocado?