Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
24/05/2015 09h26
DOIS CONTRA UM

            No dia anterior eu estava disposto a enfrentar preguiça e vencê-la. Preparei-me para ser disciplinado, e assim que cheguei em meu apartamento evitei de ir para a cama como sempre faço. Fui para mesa de trabalho disposto a abrir o notebook, mas antes pequei num livro para ler algum trecho. Lembrei que não tinha comido nada, que podia chupar dindim ou comer uma fruta. Decidi comer maçã e azeitonas. Mas fui tentado a fazer uma papa, mesmo não sabendo direito. Terminou ficando em muita quantidade, usei um litro de leite, e ficou toda encaroçada, mas comestível. Comi bastante, principalmente raspando a panela que fiz e deixei dois pratos na geladeira. Depois do tempo gasto nessa atividade gastronômica, onde deixei a cozinha bagunçada e tinha que ajeitar, resolvi ir para a cama para continuar a leitura que estava fazendo na mesa. Terminei dormindo.

            Dessa forma, percebi que sofri mais uma derrota, sem nem ao menos ter tido oportunidade de abrir o notebook para trabalhar. Percebi também que dessa vez a preguiça teve outro aliado: a gula. Se eu não tivesse caído na tentação de fazer a papa, eu teria ficado satisfeito só com a maçã e as azeitonas. Foi a gula que me retirou da mesa e deixou-me envolvido na confecção de comida, mas ainda consegui me controlar a fim de não exagerar não exagerar na quantidade e comer os dois pratos de papa que eu havia feito.

            Mas vou considerar esse dia de ontem como o primeiro round na minha luta com a preguiça. Amanhã eu tentarei vencer usando a mesma estratégia de hoje, só que dessa vez eu deverei ficar atento à participação da gula. Dois adversários são bem mais difíceis de vencer.

            Tenho consciência de que sou um discípulo de Jesus, que sigo uma vontade de Deus colocada por Ele em minha consciência, e que encontro dentro de mim os principais obstáculos em fazer a Lei do Amor funcionar e dar seguimento ao que minha vontade decidiu: a gula e a preguiça. A gula atende aos desejos básicos e imediatos do corpo com relação aos instintos da própria vida, enquanto a preguiça é sua aliada, que tem a máxima sintonia com ela, que preserva as energias do corpo evitando a necessidade de alimentação extra. Ambas para serem executadas apresentam ao corpo a moeda do prazer. É essa moeda do prazer que termina induzindo a mente para que a tenha em bastante quantidade. Como o corpo não tem o sentido crítico de fazer esse prazer parar quando as necessidades fisiológicas forem atendidas, termina sendo gerado um comportamento de busca dessas moedas além do necessário, que se acumula na forma de gordura, de obesidade, que termina, a longo prazo, sendo mais prejudicial que benéfico.

            Essa mecânica fisiológica, individual, também se aplica com muita semelhança ao que acontece no campo social, coletivo. As pessoas tendem a acumular as moedas financeiras além de suas necessidades, as vezes de forma ilícita, o que causa a médio e longo prazo sérios prejuízos para a coletividade, com a geração de grandes fortunas e bolsões de miséria .

            Vejo assim que tudo se relaciona, as coisas acontecem e interagem umas com as outras. O que acontece no meu campo de influencias individuais, implica no que eu possa fazer no campo de minhas influências coletivas. O Amor que eu devo praticar tem como objeto o próximo que está fora de mim, mas deve ter como base a mim mesmo, lembrando da lição do Mestre: “Ama ao próximo como a ti mesmo.”

            Assim, a luta que devo fazer para corrigir os erros e equívocos, os vícios e defeitos do mundo, deve iniciar pelo trabalho realizado em mim mesmo, lembrando a lição que Gandhi deixou prá nós: “Seja você a mudança que quer ver no mundo.”

Sabendo que a todo momento Deus nos oferece opções de caminhos, devemos ter a humildade e sabedoria para reconhecer aqueles que estão de acordo com a Sua vontade e aqueles que atendem apenas aos nossos desejos, por mais embutidos que eles sejam. E assim caminharemos todos juntos, todos tolerando a todos os erros que a ignorância nos permite cometer, e todos ensinando a todos a pequena gota de verdade que se conseguiu alcançar.     

Publicado por Sióstio de Lapa
em 24/05/2015 às 09h26