Avaliei ontem a minha disposição e a de Paulo de servir a Deus, de ser o Seu instrumento na Terra, no relacionamento com a Natureza, principalmente com o próximo, em qualquer nível de afetividade. Notei que o meu comportamento com relação as mulheres e a possibilidade de relacionamento íntimo que sempre está potencialmente presente, é diametralmente oposto ao de Paulo. Ele foi criado e educado dentro dos templos; eu fui criado e educado dentro dos bordéis. Só este simples fato já diria para todos que Paulo é quem está correto. Mas continuo a receber mensagens de cunho espiritual que reforça a minha postura comportamental e não a dele. Pois vejamos o que foi lido em todas as igrejas católicas no dia 26-05-15:
EVANGELHO: Marcos 10, 28-31
Pedro começou a dizer-lhe: “Eis que deixamos tudo e te seguimos.” Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade vos digo: ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições – e no século vindouro a vida eterna. Muitos dos primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros.”
COMENTÁRIO
A inquietação da perfeição ou da pureza é uma das formas mais enganadoras dessa ilusão (de se ficar olhando para o céu). É preciso servir a Deus a moda humana e segundo os tempos, esperando um dia fazê-lo à moda divina e segundo a eternidade, dizia São Francisco de Sales. Essa pressa impaciente dos desejos “de certa perfeição cristã” que pode ser imaginada, mas não pode ser praticada, e da qual muitos tiram lições, mas ninguém nunca transforma em ações, é até oposta ao dever cristão: a mínima execução é mais útil do que os grandes desejos das coisas afastadas do nosso poder. De nós, Deus quer mais a fidelidade às pequenas coisas que Ele coloca ao nosso alcance do que o ardor dos grandes desejos que não dependem de nós. Nós, às vezes, nos divertimos tanto em ser bons anjos que deixamos de ser bons seres humanos. Quando não se coloca mais o centro da gravidade da vida na vida, mas além dela – no nada – tirou-se da vida o seu centro de gravidade (E. Mounier).
Veja caro leitor, você conhecendo a minha história e a de Paulo como aqui foi relatado, hoje e ontem, e tendo de decidir a qual dos dois esse texto que reproduzi acima leva admoestações? Acredito que seja à Paulo!
Sou eu que procuro servir a Deus à moda humana. Não procuro a perfeição cristã, sei que está fora do meu alcance neste atual momento. Procuro transformar em ações o pouco que eu posso fazer. Procuro ser um bom ser humano, ao tratar o próximo sem preconceitos ou discriminação, da forma que eu gostaria de ser tratado, inclusive dentro da intimidade. Considero o ato sexual uma ação de Deus dentro da Natureza, que serve para compensar todo o trabalho de geração de novos seres humanos.
Ao invés de culpa sinto júbilo, quando Deus favorece a minha existência e permite que eu tenha experiência sexual semelhante àquela de Paulo. Sinto que estou sendo fiel às pequenas coisas que Ele coloca ao meu alcance, não estou embriagado por grandes desejos espirituais que me levem mais próximo de Deus, pois sei que está acima de meu potencial.
Sei que estou mais empenhado em ser um bom ser humano do que ser um bom anjo.