Santo Optato de Mileva, que viveu no século IV, ardoroso pregador da catolicidade da Igreja, afirmava que: “Cristão é meu nome, e católico o meu sobrenome; um me distingue, o outro me designa.” Combateu corajosamente, seja como bispo e pastor, seja como escritor, as heresias que ameaçavam reduzir a Igreja a uma mera seita e limitando-a a circunscrições geográficas: “Para que a Igreja não se reduza a vós e se limite ao canto da África onde estais, é preciso que esteja somente na outra parte da África onde estamos nós, mas esteja na Espanha, na Gália, na Itália, nas três Panônias... Por que estabeleceis limites ao império do Filho, depois que Seu Pai lhe prometeu toda a Terra, sem excetuar parte alguma?”
Católico ou catolicismo é um termo que quer dizer que o ensinamento cristão deve ser universal. Porém o sentido do termo Universal se perdeu dentro do termo “Igreja Católica Apostólica Romana” e hoje quando falamos “Católico” vem a mente uma Igreja fechada cheia de preconceitos no passado e que mantém dogmas inalcançáveis pela lógica e defendidas pelo autoritarismo eclesiástico. Deveria eu responder quando me perguntassem sobre a minha religião, que sou Católico, atenderia assim ao que acredito que devo seguir, pois já tenho a compreensão do termo no sentido amplo. Porém quem me ouve, irá me colocar dentro de uma Igreja cheia de rituais, impermeável ao estudo transformador e evolutivo da consciência em direção a Verdade. Portanto, respondo muitas vezes com a tradução do que quero que entendam, “sou cristão universalista” e com um sentido ainda mais amplo do que o simples termo quer explicitar, o sentido não de colocar minha religião somente dentro de um universo, mas sim dentro de quantos universos possam existir dentro da Natureza que ainda não conheço na totalidade.
Essa minha resposta mostra o sentido de independência que ela transporta, que eu, enquanto indivíduo, tenho formulado em minha mente um tipo de religião própria para minhas necessidades, que mesmo sendo igual ao termo que outras pessoas possam dizer que também acompanham, jamais será igual a nenhuma outra nos seus mais diversos detalhes. Assim como a simples impressão digital de uma pessoa, um pequeno espaço marcado por sulcos, nunca é igual a nenhuma das outras impressões digitais dos bilhões de seres humanos que existem ao redor do mundo. Quanto mais uma impressão paradigmática na consciência sobre determinada forma de se relacionar e de se entender com Deus.
Assim explico o que quero dizer quando me identifico como cristão universalista. Quero dizer que respeito o Mestre Jesus como a personalidade mais evoluída que já veio a este planeta, concordando com a opinião dos Espíritos evoluídos e que também seguem as suas lições. Quero dizer que respeito e procuro seguir a bússola comportamental que Ele nos deixou, de “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo”, e que para usar essa bússola de forma conveniente, honesta e com precisão, devo usar sempre a energia do Amor Incondicional, que se confunde com o próprio Deus e que tem Sua representação em qualquer aspecto da Natureza.
Estou consciente de que ao fazer assim, irei me defrontar com os costumes praticados na minha comunidade, onde o amor está contaminado pelo romantismo, pelo exclusivismo e constrói as unidades familiares de forma exclusiva, de base egoísta. Estou consciente que deverei ser habilidoso para não entrar em conflitos desnecessários e improdutivos com quem não entende essa forma de pensar e agir, sem me desviar do caminho que dessa forma passo a entender como a vontade de Deus em minha vida.
Dessa forma, parecido com Santo Optato, estou identificado designado como cristão e designado para aplicar o Amor Incondicional em todos os meus relacionamentos, colaborando para a família universal e construção do reino de Deus.