Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
08/06/2015 00h01
O REINO E A CONVERSÃO

            Escreveu Marcos no seu evangelho (1, 14-20) que depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galiléia. Pregava o Evangelho (Boa Nova) de Deus, e dizia: “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho”.

            Já são passados quase 2000 anos dessa pregação de Jesus e o Reino de Deus que Ele anunciava como próximo ainda não foi realizado. Ele disse, se Marcos não se enganou, que o tempo havia sido completado, que era preciso fazer penitência e crer no Evangelho. Isso implica numa conversão, dos prazeres efêmeros do mundo material aos valores eternos do Reino de Deus. Mostrava que era urgente anunciar a Boa Nova e convocar os discípulos.

            A conversão é uma condição necessária para participar do Reino de Deus. E, para pregar a conversão, precisamos primeiro estar convertidos. Fazer como os apóstolos que tudo deixaram para segui-lo. Essa é a parte mais difícil. O próprio Jesus deve ter percebido essa dificuldade. Apesar deles terem seguido o Mestre, impressionados com sua força moral, inteligência e milagres, eram confusos, covardes, interesseiros, e não chegaram a compreender o Reino de Deus que Jesus sempre ensinava. Chegaram a acompanhar o Mestre com fidelidade, até mesmo amor, mas nunca com a consciência sintonizada no que o Mestre ensinava. E Ele era o Mestre! Talvez por isso até hoje o Reino que devia ser construído não se concretizou. Até hoje, os novos apóstolos, como ontem, não conseguem aplicar na prática o Amor Incondicional nos relacionamentos, tirar a prioridade do amor romântico na construção das famílias nucleares, para construir as famílias ampliadas, universais... Não, os novos apóstolos, como os de ontem, apenas se voltam para mitigar o sofrimento dos pecadores, de curar suas doenças, de ensinar o Evangelho dessa forma, sem atacar o egoísmo que está entrincheirado dentro das famílias nucleares, com a perpetuação do egoísmo que se mascara na forma de fraternidade evangélica, que sobe aos púlpitos das Igrejas ou cátedras das academias.

            Jesus também não podia ensinar tudo. Ele tinha que ensinar primeiro as primeiras coisas. Ele não podia construir relacionamentos afetivos com base no amor incondicional, que pudesse incluir a todas e todos sem preconceitos dentro da construção da família universal. Ele devia fazer, como fez, primeiro ensinar o que era o Amor Incondicional e confrontá-lo com o amor condicionado aos interesses egoístas do mundo material. Mas agora temos que aplicar o amor que Ele ensinou nos diversos tipos de relacionamento, principalmente os relacionamentos íntimos que constroem as famílias através da força reprodutiva. Se conseguirmos sucesso nessa empreitada, colocando a força do instinto sexual a serviço do Amor Incondicional e não do amor romântico, construiremos uma sociedade que não necessitará da caridade pública, pois todos viverão harmonicamente como irmãos, com justiça, solidariedade e abnegação.

            O pré-requisito para essa conversão acontecer e a prática do Amor Incondicional ser aplicada é a fé nas lições que o Cristo ensinou e no Reino que Ele anunciou, pois ninguém irá sacrificar seus ídolos mundanos e vícios prazerosos se não estiver convencido de que os valores do Reino estão acima de qualquer bem deste mundo.

            Acredito que eu tenha atingido esse nível. Vejo que é importante a evangelização das pessoas, principalmente aquelas que ainda não conhecem Jesus, mas considero ainda mais importante aplicar o Amor Incondicional nos relacionamentos, mesmo que assim fazendo eu detone o meu potencial de crescimento material, que não consiga acumular recursos financeiros para o meu prazer e da minha descendência biológica. Passo a considerar todos os bens materiais que recebo como uma dádiva dos bens de Deus que ele coloca à minha disposição, que devo utilizá-los de acordo com a sua vontade, pois pertencem a Ele e não a mim.

            Assim, hoje me sinto convertido pelas lições e promessas do Cristo, pela lógica de Suas palavras e pelo Amor que sinto brotar de Seu coração. Hoje estou afastado dEle pelo tempo, mas me sinto muito mais próximo do Mestre do que os discípulos que caminharam com Ele, pois, sem falsa modéstia, acredito que tenho uma compreensão do Reino que Ele ensinou e anunciou com maior precisão.

            Falta agora só a coragem e inteligência para implementar aquilo que sei!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 08/06/2015 às 00h01