Será possível que eu possa ficar ao total serviço de Deus? Mesmo com tantos compromissos de trabalho no mundo material, que visa a sobrevivência do corpo com dignidade? Principalmente na juventude quando se é robusto e existe toda uma gama de hormônios que vitalizam o corpo e motivam à vontade em busca da reprodução e da perpetuação da espécie ao longo do tempo, reproduzindo os gametas que são responsáveis pela formação do novo corpo? Sabemos que quando o rei Davi ficou velho escreveu os Salmos; que o rei Salomão escreveu os Provérbios já ancião. Isso que dizer que quando a energia biológica de um homem declina, a sabedoria floresce.
Sinto que isso já acontece comigo, o declínio da potência do corpo físico, isso é um fenômeno automático, que funciona independente da nossa vontade. É diferente do uso da potência do corpo, pois eu posso suprimir o desejo sexual, por exemplo, mas não posso suprimir o declínio da potência do corpo. O mesmo não acontece com o advento da sabedoria, não é automático como a degeneração do corpo pela ação do tempo. Tenho que me esforçar para adquirir sabedoria. Se Davi e Salomão não tivessem se esforçado para adquirir a sabedoria, eles não teriam produzido nem Salmos, nem Provérbios.
Existe também o envolvimento afetivo com uma mulher e a geração de filhos. São eventos importantes para a manutenção da vida e com isso um grande gasto de tempo e energia. Os grandes profetas não se envolveram com mulheres, não geraram filhos. Quando isso acontece parece que nos desviamos da vontade de Deus, fazemos apenas a nossa vontade, atendemos os nossos desejos. Acontece que o Pai também assim determinou, que nos reproduzíssemos, e dessa forma também fazemos Sua vontade, pois caso contrário a vida terminaria.
Isso conclui que tanto as ações mundanas no mundo material, quanto as ações éticas do mundo espiritual podem servir à vontade de Deus. Se eu me comportar convenientemente, estarei ao total serviço de Deus, tanto namorando uma mulher com o objetivo de obter o prazer, com ou sem filhos, quanto orando a Deus ou fazendo o bem ao próximo como a mim mesmo.
Nesse ponto estou preparado para ficar ao total serviço de Deus. Quando estou me relacionando dentro do mundo material, influenciado pelos diversos instintos criados por Deus dentro de mim, sempre estou vigilante para que minhas ações não prejudiquem ao meu próximo, por ação ou omissão. O fato mais emblemático dessa condição, é quando surge dentro de um relacionamento que inicia a possibilidade da interação sexual. Duas opções surgem na minha consciência e tenho que analisá-las com cuidado, aplicando o amor incondicional e a bússola que Jesus ensinou: “não fazer ao próximo o que não queres para ti”, e também o seu inverso, “não deixar de fazer ao próximo o que não queres que deixem de fazer para ti”.
Assim, frente a essas opções, eu tenho que considerar em primeiro plano as intenções e motivações desse próximo, o que ele espera como consequência desse relacionamento íntimo. Para isso eu tenho que me tornar transparente, tudo que sou, que fui e que pretendo ser, deve ficar explícito. Toda minha motivação em ter ou não relação sexual com ela deve ser bem esclarecida. Todas as vantagens e desvantagens desse ato para cada um de nós deve ser bem discutida. Ao mesmo tempo que eu faço essa descarga franca e honesta de tudo que sou e do que quero ser, também devo ouvir desse meu próximo igual revelação. Essa é a condição “sine qua non” para que seja efetivada ou não a relação sexual e absorção de suas consequências por cada um dos parceiros.
Fazendo assim tenho a compreensão que estou seguindo a orientação de Jesus e fazendo a vontade do Pai, integralmente.