Assisti ao filme “A história de Ruth”, uma moabita que se torna judia e sempre usando a verdade ultrapassa as maiores dificuldades, até se tornar a mãe de um dos antepassados de Jesus, na linha genealógica do Rei Davi. Também li um trecho do livro “O grande amigo de Deus” onde Estêvão, na casa do Rabi Gamaliel, conversa também com José de Arimatéia e exorta sobre a verdade. Como a verdade serve para mim como um instrumento para a realização da minha missão, quanto a aplicação do Amor Incondicional dentro dos relacionamentos, será bom refletir sobre o que Estêvão diz para Gamaliel:
“A verdade é unitária. É totalmente verdadeira ou inteiramente falsa. Deve exigir tudo que um homem é ou nada exigir. Foi isso o que os profetas nos disseram e o que o nosso Salvador e Redentor nos disse: ‘Quem for amigo deste mundo é inimigo de Deus.’ Em suma, o mundo é um grave erro e não se pode servir a um erro de manhã e ao Senhor à noite. ‘Quem não está Comigo, está contra Mim.”
Gamaliel passou os dedos sobre os lábios barbados e olhou Estêvão pensativamente e com preocupação.
- Todavia, disse, os séculos serão infestados de comentadores que darão interpretações novas ou reinterpretações, levando à confusão dos crentes, causando-lhes descrença, enfraquecendo-os, e o surgimento de muitas línguas e muitas opiniões. Cada homem é, interiormente, um espelho e reflete-se nele, mesmo em sua fé.
- A verdade é tão pura e tão simples – disse o jovem Estevão. – Os anjos não tem dificuldade em aceitar isso. Só os homens cobrem-na com sua sombra.
- Se não estou enganado – disse José de Arimatéia, sorrindo -, há mesmo uma quantidade de anjos que não acham a verdade tão simples. Voce está exigindo quase demais do homem.
Estêvão riu. Dedicou-se com prazer às excelentes iguarias à sua frente no luxuoso salão de Gamaliel e os velhos o olharam com muita satisfação. O rapaz falou:
- Quando digo que a verdade é simples e pura, não significa que ela seja sempre evidente, pois nada há tão misterioso e sublime quanto a simplicidade. Um homem precisa, na verdade, tornar a nascer da água e do Espírito Santo para compreender a verdade, pois então seus olhos não estão velados, só ouve uma voz e não comentários controvertidos, todos irrelevantes e discordantes. Vê as coisas totalmente claras e na sua unidade. É apenas um erro que sua complexidade e eternidade abram-se à mudança. Quem conhece a verdade não é dogmático, no sentido que damos à palavra, nem selado como um dos vasos de Salomão. Está apenas consciente do erro, mas longe dele, e propaga a verdade que conhece com dedicação íntima, modo gentil, mas resolutamente. Ele vê a montanha enraizada no granito e imóvel, enquanto os que estão em erro dizem: ‘Você diz que aquilo é uma montanha, mas pode ser uma miragem, um muro ou uma ilusão. É uma questão de opinião’.
- Temo que seu caminho não será ensolarado – disse José de Arimatéia.
- Ele tem todo o brilho da eternidade – retrucou Estêvão.”
Eis o caminho apontado por Estêvão que considero de grande lucidez. Tenho uma interpretação do que seja o Amor Incondicional e que em sua essência não possui nenhuma incoerência racional. No entanto, a quase totalidade de quem ouve meus argumentos é de colocar outros conceitos na frente dos meus para desautorizá-los. Preferem dizer que a minha montanha é uma miragem, uma ilusão, um erro. Mas a minha consciência está coerente com uma racionalidade acima de quaisquer preconceitos, e procuro de modo gentil, mas resoluto caminhar com a verdade que já descobri.