São Próspero de Aquitânia, contemporâneo de Santo Agostinho, bispo de Hipona, fez o poema “De um esposo à esposa” pelo qual se julga que fosse, pois dirige-se a mulher nesses termos:
Se o orgulho me elevar, corrija-me. Seja a minha consolação nos sofrimentos. Demos ambos exemplos de uma vida santa e verdadeiramente cristã. Cumpra comigo os deveres que estou obrigado a cumprir com você. Levante-me, se porventura eu cair. Esforce-se por se levantar quando eu corrigi-la,,, não nos contentemos com um só corpo, sejamos também uma só alma.
Sei que a intenção do santo era reforçar a família nuclear e a fidelidade exclusiva do amor de um para o outro dentro do par, exclusivo. Mas, aplicando o Amor Incondicional posso fazer a transposição do poema para a família ampliada ou universal e ficar ainda mais consistente com o espírito das lições do Cristo. Os dois primeiros apelos com relação ao orgulho e consolação não tem problemas, pode ser aplicado tanto dentro da família nuclear quanto na ampliada/universal.
O terceiro apelo, dar um exemplo de uma vida santa e verdadeiramente cristã, serve de encruzilhada para a decisão do caminho a ser tomado: ou pela família nuclear e amor exclusivo, ou pela família ampliada e amor inclusivo. Seja qual for o caminho tomado, esse deve ser trilhado com fidelidade, tanto nos compromissos materiais, junto aos relacionamentos formados, quanto nos compromissos espirituais seguindo a Lei de Deus. Se decido seguir o caminho da família nuclear, devo estar consciente e fiel ao compromisso do amor exclusivo, amor dedicado exclusivamente ao companheiro. Isso implica que devo resistir às pressões emocionais do instinto reprodutivo que gera laços afetivos com pessoas próximas ou até distantes (internet). Esse laço afetivo desperta o desejo sexual que é justamente o “fruto proibido” desse caminho escolhido. A pessoa deve resistir ao máximo a tentação desse desejo, pois caso fracasse não pode esconder a sua falha, é alta traição. Perdeu-se a fidelidade. Este é o caso da sociedade atual. A maioria se dar o direito de comer do “fruto proibido”, mas oculta suas ações e ainda defende aquilo que ele corrompe: o amor exclusivo. Pecado da hipocrisia. Isto não é uma vida santa!
Mas se por outro lado, quero seguir o caminho da família ampliada e do amor inclusivo, obedecendo com mais profundidade a Lei do Amor Incondicional, devo de imediato quebrar os meus próprios preconceitos, como o machismo por exemplo. O direito que eu tenho de desenvolver laços afetivos com outras pessoas inclusive relações íntimas com todas suas implicações, o mesmo direito deve ter a minha companheira e que eu devo absorver com todas as suas consequências, de mesma forma. Este caminho mostra muitas vantagens, uma delas de fundamental importância é a extinção do ciúme, do sentimento de posse de uma pessoa por outra, o que transforma muitas vezes o incipiente sentimento que é chamado de amor em sentimento de ódio e vingança que leva ao assassinato como somos testemunhas de tantos... e ainda é colocado como defesa que se matou por amor!!???
Quando a sociedade perceber com clareza que possui esses dois caminhos a seguir, que cada um pode fazer sua opção com clareza, consciência e honestidade, certamente as famílias poderão se tornar santas, mesmo que cada uma tenha uma orientação diferente, mas que cada uma cumpra com rigor e justiça no particular o que costuma fazer no privado.