Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
03/07/2015 23h22
CEDO

            Ontem foi o primeiro dia que faltei uma reunião do Projeto Foco de Luz / AMA-PM. Inicialmente parecia um motivo fútil, mas logo foi se desenvolvendo como mais uma circunstância armada por Deus para minha base de conhecimentos e de caminhos que podem ser trilhados a partir de hoje, com novos amigos e novas instituições.

            Atendi uma garota que foi levada pela mãe. Vi logo na entrevista uma pessoa que é muito ligada às artes, que pode colaborar com a AMA-PM, junto ao grupo musical de S., com composições, talvez vocalizações. Ela demonstrou ter boa voz e boa composição. Ao conversar com a mãe dela, recebi o convite de participar do lançamento do seu livro de poesias, que iria ser ontem na cidade de Macaíba. Aceitei o convite, se houvesse disponibilidade para isso. Sabia que iria ser difícil, pois coincidia com o dia da reunião da AMA-PM.

            No dia anterior a autora faz contato comigo querendo a confirmação da minha presença. Avaliei que seria bom, para rever a sua filha, minha paciente e também ficar mais perto de um evento, “lançamento de um livro”, algo que pretendo fazer com brevidade. Seria uma boa oportunidade de ter essa experiência, bem próximo do autor. Confirmei, mas condicionando a possibilidade de ajustar meus compromissos do dia. Ainda não percebera a “mão de Deus” sobre essa movimentação. Disse para mim mesmo que iria dar os primeiros passos para isso e se fosse positivo era o sinal que eu deveria ir. Falei então com meu filho Ml. Se ele poderia dar suporte na carona as minhas duas companheiras de Natal, o que sempre faço após essa reunião. Ele confirmou que poderia e assim eu obtive a minha confirmação que poderia ir. Passei em Ceará Mirim e levei a minha companheira de lá, junto com duas sobrinhas suas. Chegamos pontualmente no evento. A autora me apresentou aos seus amigos que já estavam presentes e ao cerimonial, que disse como estava planejado o momento e qual seria a minha participação, a declamação de uma das poesias do livro, escolhido pela autora para mim, e que tinha o título “Cedo”.

Percebi que essa poesia fazia sintonia com o que eu senti há cerca de cinco anos, quando fui expulso de casa pela minha esposa, que transformou o seu amor por mim em rancor. Por mais que eu dissesse, em silêncio, das flores e do amor que eu sempre demonstrei.

Eu fui o terceiro a ser chamado no palco para a declamação. Antes de fazer a declamação, fiz uma introdução improvisada no momento. Disse que a vida era cheia de surpresas, que vivíamos mergulhados num mar de opções aparentemente caóticas, sem significados, mas se observássemos bem, tudo teria um sentido e por trás de tudo a “mão de Deus” nos oferecendo o melhor para a nossa existência e evolução.

Este evento – dizia eu -, é uma boa amostra disso. Há 30 dias eu não conhecia a autora deste livro. Hoje sou convidado dela para esse evento tão especial, numa posição tão especial: de declamar uma poesia da sua escolha. Uma poesia que traduz uma linguagem do seu coração para o coração de quem a ler, de quem a escuta... sei que tocou o meu coração e também tocará o coração de todos que lotam hoje este auditório. Talvez com tanta força e profundidade como aconteceu no momento que a autora a escreveu... sei que comigo foi assim. E certamente, com muitos de vocês acontecerá o mesmo. Pois vejam o que diz o coração da autora:

CEDO

Diga-me se chegou a hora de mandar-me embora da sua vida.

Fale-me e não se cale diante de mim

Responda o que indago sem falar

Descreva!

Grite, se preciso for, mas não me responda com silêncio.

Exponha-me, se é tarde agora.

Fale-me, se ainda é possível fazer reparos.

Não se esqueça das flores

Não se esqueça das dores que vencemos

Não se esqueça da frequência que vibramos um dia

Fala-me o que foi maior que o amor

Foi a raiva, ou foi o rancor?

Foi o tempo que faltou que transformou em dor?

Cedo, ou tarde?

Conte-me enquanto posso ouvir

Façamos um trato, olhemos para o porta-retratos exposto no quarto, antes de sair.

Façamos um acordo, antes de bater a porta, não façamos do amor uma semente morta.  

            Fiz silêncio, o tempo de ouvir os aplausos e descer do palco. Fui bem cumprimentado por minha performance, mas sabia que o mérito maior foi o desempenho da autora, foi a linguagem do coração dela que o meu solidariamente interpretou. Foi uma bela noite!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 03/07/2015 às 23h22