Jesus veio ao mundo físico numa missão determinada pelo Pai, na condição de governador de nosso sistema solar. Vários profetas previram a vinda dEle e colocaram várias situações de características físicas, ambientais e psicológicas, como forma de nosso reconhecimento para figura tão importante para o nosso desenvolvimento material e espiritual. Tudo isso ficou registrado nos livros que compõem a Bíblia, que os sacerdotes deviam estudar e se preparar para essa recepção. Mas como existem distorções na forma da transmissão da vontade de Deus devido a fraqueza e excessiva dependência do pensamento humano aos imperativos corporais, expressos nas mais diversas formas de egoísmo, tanto os escritores dos livros sagrados, quanto os leitores, mesmo que sejam sacerdotes, colocam em suas ações os desvios instintivos que o egoísmo necessário à sobrevivência do organismo promove. Por isso é que encontramos tantas distorções e incoerências nos livros da Bíblia, e da mesma forma encontramos distorções na forma de compreender o que está escrito.
Isso foi bem exemplificado no caso de Saulo de Tarso, que tinha uma visão completamente distorcida de como seria o Messias que ele esperava, e por isso atacava de forma tão brutal os seguidores de Jesus. Podemos ver isso num trecho do livro de Taylor Caldwell, “O grande amigo de Deus”, que diz assim:
Dei-lhe minha própria arma, hem? Bem, você também falou da história do seu ladrão com o selvagem do deserto, que foi executado pelo rei Herodes. Encontrei-o uma vez lá. Um tal Iocanã (João Batista), filho de dois velhos galileus, um pequeno sacerdote chamado Zacarias e sua mulher, Isabel. Fiquei convencido de que era louco, apesar de sua voz e eloquência de feiticeiro, que enganou até o meu amigo, José de Arimatéia, que me levou a vê-lo. Confesso que ele tinha o aspecto de um jovem profeta, uma forma de falar dominadora, não era ignorante, apesar de Galileu, tinha instrução, intimidade com o Pentateuco e todas as outras escrituras, às quais citava.
Fascinou-me como fez com os outros, e depois ofendeu-me. Ou talvez eu não tenha compreendido o seu tom rude, embora José não tivesse falado nisso. Ele deixou implícito que o Messias já havia nascido! ‘Entre nós uma criança nasceu, entre nós um filho foi dado!’ Ora, isso é blasfêmia. Se o Messias tivesse nascido, Jerusalém teria sido alçada às maiores alturas, num círculo de glória e luz, brilhando ao sol. A santidade abundaria na terra; a verdade, a justiça, amor, vida eterna e paz teriam estabelecido seu reino num simples respirar. As portas de Jerusalém teriam ficado repentinamente incrustadas de joias cintilantes, cegando com seu esplendor. Não haveria mais trabalho; os ventos e as chuvas teriam plantado e colhido, cidades teriam sido construídas num segundo, à simples ordem de uma voz. O Messias teria edificado Seu novo Templo entre uma respiração e outra, e nele restaurado, imediatamente, a Arca, com fogo celeste nos altares, o Candelabro de Ouro, e teria havido nesse templo o Sheshinah e serafins, para que todos vissem. As nações do mundo, ouvindo essas maravilhas, tendo sido informadas delas e da ressurreição dos mortos, de acordo com as profecias, teriam convergido dos quatro cantos para Jerusalém, anunciadas por vozes de anjos. E Israel teria absorvido o mundo, numa infinita beatitude de amor, e não haveria mais nenhuma nação. Aconteceu alguma coisa dessas?
Eis a forma de ver a vinda de um Messias, de um salvador da humanidade. Forma de ver de um alto membro da cristandade, como Paulo de Tarso. Assim se comporta o pensamento humano ao longo do tempo. A compreensão do mundo espiritual toma características diferentes na mente de cada pessoa e devido a isso o comportamento torna-se muito variado. Por outro lado, o estímulo para o entendimento do mundo material em primeiro plano sempre é feito desde o nascimento, pois os instintos biológicos prevalecem e a escola se preocupa em ensinar a melhor forma de se adaptar e evoluir dentro dos padrões materiais conduzidos pela ciência. As informações espirituais muitas vezes são omitidas e outras vezes distorcidas. Depende muito da vocação e tendência inata de cada à procura da verdade espiritual e se desviando dos obstáculos preconceituosos ou dogmáticos que vai encontrar pelo caminho.
Posso me incluir na minoria que procura descobrir e seguir essa verdade espiritual, colocando-a em primeiro plano e tentando disciplinar minha vontade e atenção para aquilo que entendo ser a vontade de Deus. É neste estágio que me encontro e sabendo que ainda tenho que ajustar muito do meu comportamento para me sentir pleno dentro da vontade de Deus. Procuro ajustar ao máximo a minha compreensão e comportamento aos caminhos indicados pelo Messias, assim como procuro compreender com a maior fidedignidade Suas lições. É como se eu estivesse num campo de olimpíada onde procuro receber o bastão do meu antecessor e correr com ele para passar adiante. Por isso não posso me equivocar de quem seja o Messias, como Paulo se equivocou no início, e a meu ver durante o seu trabalho apostólico também ensinava questões equivocadas que não estavam ao nível de sua compreensão. Espero que eu possa superar essas dificuldades e passar ensinamentos mais fidedignos com relação à verdade, com relação à missão do Messias.