Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
02/08/2015 00h01
INFORMES DE DEUS

            Acredito que o Pai tenha percebido todo o meu arrazoado no texto de ontem, quanto a minha forma de relacionamento com Ele e as críticas que recebo ou posso receber das pessoas em função disso, e assim deixou programado com a Sua onisciência para que eu tenha tido oportunidade de ter acesso dentro de minhas leituras habituais esse texto escrito nas “Fontes Franciscanas e Clareanas” e que reproduzo um trecho logo abaixo, relacionado com a experiência de Francisco de Assis:

            “E Francisco, com relação a si próprio, ignorava até então o projeto de Deus, porque, distraído pela vontade do pai para as coisas exteriores, bem como submerso nas coisas inferiores pela corrupção de origem natural, ainda não havia aprendido a contemplar as realidades celestes nem se acostumara a degustar as divinas. E, porque o sofrimento infligido dá compreensão ao que ouve espiritualmente, pousou sobre ele a mão do Senhor e a mudança da mão do Altíssimo, afligindo o corpo dele com longas enfermidades, para adaptar-lhe a alma à unção do Espírito Santo. E, tendo recuperado as forças do corpo, como houvesse comprado - como de costume – vestes elegantes, encontrou um cavaleiro certamente generoso, mas pobre e mal vestido; comiserando-se com piedosa afeição da pobreza dele, tendo-se despido, imediatamente o vestiu, de modo que em um único serviço realizou um duplo dever da piedade, pelo qual cobriu a vergonha de um cavaleiro nobre e aliviou a penúria de um homem pobre.”

            Vejo com muita clareza essa espécie de diálogo que o Pai realiza comigo, um diálogo que nunca tive com o meu pai biológico. Parece uma incoerência, o pai biológico que deveria está bem próximo de mim, de eu ser capaz de ouvi-lo, vê-lo, tocá-lo... e mesmo assim isso não aconteceu comigo. O que lembro dele é uma imagem muito vaga, eu tinha cerca de quatro anos... balançava numa rede e ele chegava com uma revista debaixo do braço. É uma imagem tão vaga que parece ser uma espécie de fantasia que desenvolvi na minha mente.

            No entanto, com o meu Pai espiritual não tenho essa sensação de distância ou até de inexistência. O meu Pai eu consigo senti-lo, como senti ontem ao ir para a hidroginástica, nos quatro pontos cardinais, por todos os meus canais sensoriais. Também percebo quando ele fala comigo com uma lógica e encadeamento de ideias inatacáveis. Pois vejamos só, tão logo Ele percebeu as minhas reflexões e preocupações quanto o que podiam falar de mim, porque eu digo que falo com Ele, que Ele me envia o texto sobre Francisco que fala justamente disso, no trecho que deixei sublinhado, que fala contemplação e degustação das coisas divinas.

            Dessa forma estou plenamente compensado pela falta do meu Pai biológico, não tenho nenhuma culpa a jogar sobre ele. Certamente ele tinha um papel a desempenhar comigo, como se fosse um teste que eu teria de passar, para ver como seria minha reação à sua ausência. Serviu tanto para testar a minha reação a esse tipo de abandono que sofri, quanto também não desenvolver culpa por ter me afastado dos meus filhos e por motivos mais nobres; e não foi um abandono como eu sofri, foi apenas um afastamento que promovi em seus devidos tempos a cada um deles, mas todos sabem que podem contar comigo em qualquer momento, como na realidade contam até hoje. E talvez, na engenharia do Pai, eles tenham que passar por esse tipo de experiência, para sentir na pele como é a vida de filho de um precursor da família universal que um dia será instalada na Terra.       

Publicado por Sióstio de Lapa
em 02/08/2015 às 00h01