Vi sua conduta, disse o Senhor, e o curarei. Vou guiá-lo e consolá-lo, vou fazer assomar aos lábios dos aflitos a ação de graças. Paz, paz aquele que está longe e àquele que está perto. Mas os ímpios são como um mar encapelado, que não pode acalmar-se, cujas ondas revolvem lodo e lama. “Não há paz para os ímpios”, diz meu Deus. (Isaías, 57:18-20).
Mais uma vez Deus vem em meu socorro ao ver o meu sofrimento. Prepara esse texto de Isaías para que eu lesse justamente neste momento. Não posso duvidar dessa presença do meu Pai, como antes nunca tive do meu pai biológico, aquele que eu podia apalpar e ser afagado fisicamente por ele. Pois é esse Pai que não vejo, mas que sinto com tanta força nesses momentos e fala comigo dessa forma tão protetora e consoladora. Ele via que meu coração se derretia de sofrimento e mesmo assim não deixava de amar. Viu a minha conduta e aprovou, ontem hoje e conforme tenho intenções. Ele prometeu me curar, de me guiar e consolar... que mais eu posso querer?
Já estou fortalecido, os dentes dos vampiros sobre a minha jugular, a sorver o meu sangue físico, não consegue levar os meus fluidos amorosos... ah, e como eu queria! Somente assim esses vampiros experimentariam a qualidade de um amor que eles nunca tiveram, talvez nunca o tenham imaginado.
A chaga que surgiu no meu coração ontem, hoje já está cicatrizada. O amor que eu tive ontem por quem quer que seja, hoje continua o mesmo, sem mágoas ou resentimentos, somente mais precavido e sabendo para onde direcionar o meu esforço físico e amoroso.
Sinto que estou sendo guiado por Deus, que a luz segue na minha frente e para ela me dirijo e com ela eu dissipo as sombras que querem se formar ao meu redor. Levo a paz comigo, eu sou a paz! Mesmo que eu ainda esteja tão longe do Criador devido as minhas inúmeras imperfeições, defeitos simples e grosseiros, eu tenho um coração limpo, um coração onde o amor depositado não azeda.
Sou como um mar sereno que transporta com segurança os barcos que por ele deslizam. Não deixo que a fúria ou vingança revolva o fundo da minha alma onde estão a lama e lodo dos meus defeitos. Não, eu sou a paz que não deixa o mar encapelar, que não deixa em polvorosa os barcos que por mim navegam.
Sim, estou consolado por Deus, eu sou a paz que emana dEle, eu sou o Amor que é a essência dEle, eu sou a justiça que Ele coloca dentro de mim. Peço apenas a Ele que não me deixe ser carrasco de ninguém, que me mantenha sempre na sintonia de Francisco de Assis: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver discórdia, que eu leve a união; onde houver dúvida, que eu leve a fé; onde houver erro, que eu leve a verdade; onde houver desespero, que eu leve a esperança; onde houver tristeza, que eu leve a alegria; onde houver trevas, que eu leve a luz.
Sim, Pai, fazei que eu procure mais, consolar, que ser consolado; compreender que ser compreendido; amar que ser amado.
Amar, que ser amado... Sim Pai, é este o anestésico que Tu me dás. Amar a quem não me ama, a quem quer me explorar, a quem quer vingança, a quem tem ressentimento por eu não ter sido objeto de sua vontade, e sim da Tua, meu Pai.
Isso, meu Pai, é tudo que sinto, que penso, que faço... e assim, submeto-me a Tua justiça!