Este é o capítulo 58 que o profeta Isaias escreveu em seu livro, um dos que compõem a Bíblia, com o título “O verdadeiro jejum”.
Esta leitura provocou uma reflexão sobre o sentido do jejum que até hoje eu pratico em algumas ocasiões, principalmente na época da Quaresma, onde procuro fazer um jejum radical nos primeiros três dias e permanecer nos quarenta dias com maior controle sobre a qualidade e quantidade da minha alimentação.
Claro, não vou dizer que também não existe para mim um sentido espiritual nessa prática, mesmo porque a motivação maior é seguir o exemplo de Jesus que passou esses quarenta dias no deserto. Porém, a leitura de Isaías que representa a voz e a vontade de Deus, e que eu aceito essa mensagem com um grau de fidedignidade muito grande, a não ser quando fala da casa de Jacó, que passa a referir a um contexto local e não universal, como deve ser a vontade de Deus.
Duas grandes informações eu absorvi e que devo aplicar ao meu comportamento, se é que eu desejo fazer sintonia com Deus, se eu desejo ser instrumento da Sua vontade, se é essa a minha intenção.
A primeira é que, o jejum de alimentação é o menos importante. O controle dos impulsos do corpo, como a procura de alimentação de forma inadequada e exagerada também deve ser contida, mas isso não é o mais importante. O mais importante é deixar de lado qualquer interesse material, não alimentação, simplesmente, mas tudo aquilo que o egoísmo deseja para manter o nosso orgulho e vaidade, nosso poder temporal na política e nas finanças. Ser a voz de Deus dentro dos relacionamentos humanos, levando a justiça que é o epicentro do Amor, ferramenta indispensável para a construção do Seu Reino aqui na Terra. Este é o centro da meta do jejum que Deus aprecia.
A segunda informação é quanto ter um dia dedicado ao Senhor. Não é que seja um dia de ociosidade, somente de orações, de contemplação... tudo isso pode acontecer, mas o mais importante é que nós trabalhemos como instrumento exclusivo de Deus nesse dia. Podemos até trabalhar mais do que nos outros dias da semana, mas o fruto desse trabalho será sempre de Deus, e não nosso. O dia orientado para isso acontecer, segundo a Bíblia, é o sábado. Acredito que é o dia mais conveniente. Vou procurar fazer isso. Não é que eu deixe agora de fazer tudo o que faço nesse dia da semana, mas agora eu farei com o intuito que os frutos desse trabalho não são meus, são integralmente de Deus, e a Ele deverei prestar contas de imediato.
Sim, eu sei que já me comporto de forma parecida. Eu compreendo que tudo que adquiro com o meu esforço, com o meu trabalho, pertence também a Deus, que foi quem me deu a existência, inteligência e saúde para fazer o que faço. Então, sendo de Deus, sou apenas um mero administrador dos recursos que Ele me proporciona. Mas isso está implantado na minha consciência e implantado através do meu comportamento de modo vago... é uma simples ideia que procura se realizar. O trabalho do sábado não! Esse trabalho e os frutos que dele advenham eu devo considerar como pertencentes diretos de Deus, que eu devo agir como Ele agiria se estivesse encarnado, como ele permitiu que eu estivesse.
Talvez ninguém perceba a diferença, pois o meu comportamento já seguia nessa direção, mas eu sei que terei que fazer um grande esforço para tirar dos meus planejamentos do sábado, ações que iriam atender exclusivamente aos meus desejos.
Espero que Deus me dê a força, inteligência e coragem para eu implementar mais esse passinho que me aproxima mais uma vez do Seu colo.