Estou a cada momento procurando corrigir meu comportamento no sentido de aproximação maior com a verdade. O que atrapalha muito esse movimento são os preconceitos que formo em torno de algo que penso ser a verdade. Para superar essa barreira devo usar a inteligência, a coerência, a lógica.
Foi assim que aconteceu comigo na reflexão sobre o Amor incondicional, na sua forma mais pura, na forma que mais se aproxima de Deus e que se confunde com a Sua essência. O próximo passo seria a aplicação desse conceito teórico à prática.
Ao fazer a aplicação do amor incondicional à minha prática relacional, encontrei o forte preconceito do amor romântico, do amor materno, paterno, etc., como formas importantes do amor. Parece que ninguém percebe que essas formas de amar estão todas condicionadas, e dessa forma colocadas antagonicamente ao amor incondicional.
O exemplo patente para isso foi a formação da família nuclear, célula-máter da sociedade, com base no amor romântico ou outros interesses menores. Quanto a isso foi formado um forte preconceito que estabelece a superioridade dessa forma de amar e de se relacionar. Ao tentar aplicar o amor incondicional, eu vejo a necessidade de manter livre a minha forma de amar, sem exclusivismo, por qualquer um dos membros da relação conjugal. Pronto! Cheguei a um conflito, estou em oposição a um preconceito, defendendo uma verdade que também pode ser falsa. Poderia assim estar criando outro preconceito com bases falsas. Mas se eu estou no caminho da verdade, então o preconceito da superioridade da família nuclear deve ser destruído.
Existe uma lição dada pelos espíritos, que quando um princípio novo tem de ser enunciado, isso se dá espontaneamente em diversos pontos ao mesmo tempo e de modo idêntico, senão quanto à forma, quanto ao fundo.
Se portanto, eu tentar formular um sistema excêntrico, baseado unicamente em minhas ideias e com exclusão da verdade, posso ter a certeza de que tal sistema conservar-se-á circunscrito e não prosperará, por não ter o apoio da lógica e da coerência com a verdade.
Não é pelo fato de que estou convicto da minha verdade que ela seja realmente verdadeira. Posso estar dentro de um grande erro. Não posso em nenhum momento me arvorar como árbitro supremo da Verdade e passar a dizer: creia em tal coisa, pois sou eu que estou dizendo. A minha opinião não passa, aos meus próprios olhos, de uma opinião pessoal, que pode ser verdadeira ou falsa, visto que não sou mais infalível do que qualquer outra pessoa.
Também não é porque um princípio me foi ensinado, que deva exprimir a Verdade, mas porque foi aceito por minha lógica e coerência e recebeu a sanção da concordância. Quando diversas consciências atingiram essa mesma convicção, chega o momento de anular as teorias contraditórias e se formar outro preconceito mais aproximado da Verdade.
Assim, uma verificação universal desse novo princípio constitui uma garantia para a superioridade do novo princípio. É aí que vamos encontrar o critério da Verdade. É nesse duelo de novos princípios com preconceitos que vamos em direção à Verdade. É com a adesão de consciências livres, capazes de processar de forma independente todas as informações para se chegar a uma conclusão, que será atingida as condições de quebra de preconceitos falsos. Ao se atingir a universalidade dos princípios novos, qualquer contraproposta teórica que se divorcie da verdade, não prosperará.
Aquele que queira se opor a essa corrente de princípios já estabelecidos pelo reconhecimento da Verdade dentro deles, não terá êxito.