Leviatã é o segundo monstro, depois do Behemot, que a Bíblia cita na conversa de Deus com Jó: “Poderás tu fisgar Leviatã com um anzol, e amarrar-lhe a língua com uma corda? Serás capaz de passar um junco em suas ventas, ou de furar-lhe a mandíbula com um gancho? Ele te fará muitos rogos, e te dirigirá palavras ternas? Concluirá ele um pacto contigo, a fim de que faças dele sempre teu escravo? Brincarás com ele como com um pássaro, ou atá-lo-ás para divertir teus filhos? Será ele vendido por uma sociedade de pescadores, e dividido entre os negociantes? Crivar-lhe-ás a pele de dardos, fincar-lhe-ás um arpão na cabeça? Tenta pôr a mão nele: sempre te lembrarás disso, e não recomeçarás. Tua esperança será lograda, bastaria seu aspecto para te arrasar.” (Jó, 40:20-28)
Deixa claro que a força do Leviatã está na língua, no que vem de dentro e a movimenta; ao passo que a força do Behemot se encontra no ventre, naquilo que vem de fora para alimentá-lo. Fica muito claro o contraste de um poder psíquico de origem externa e outro de origem interna, mas ambos processados na intimidade da orquestra cerebral com seus bilhões de neurônios. Behemot é o peso maciço da necessidade natural que se encontra no ventre; Leviatã é a infra natureza diabólica, invisível sob as “águas do mundo psíquico” cuja agitação pode se refletir na língua como é induzido na conversa de Deus: “Porventura poderás puxá-lo com o anzol e atar sua língua com uma corda?”.
No simbolismo universal, embora Behemot represente o conjunto das forças naturais obedientes a Deus, como os instintos, e Leviatã o espírito da negação e rebelião, ambos são igualmente monstros, forças cósmicas desproporcionalmente superiores ao homem, que movem combate uma a outra no cenário do mundo, e também dentro da alma humana. O Leviatã tende a desviar a força do Behemot para seus projetos inferiores, de prazer pelo prazer, de não se incomodar com o prejuízo causado a terceiros. O Behemot é frágil frente a essas tentações, pois também é movido pelo prazer da carne, mesmo que seja tudo na base dos instintos criados por Deus. Bem que o Leviatã também é uma criatura de Deus, pois Deus foi quem criou tudo. Mas é uma criação indireta, pois foi formado dos resíduos cognitivos inconvenientes e incorretos da evolução da natureza humana dentro da natureza animal. Portanto, não é possível a Behemot, subjugar o Leviatã, nem mesmo o homem consegue isso. Somente o próprio Deus pode fazê-lo. Por isso a iconografia cristã mostra Jesus como o pescador que puxa o Leviatã para fora das águas, prendendo sua língua com um anzol. Mas Jesus nos ensina que, o que Ele fez, nós podemos fazer. O homem animal, mais próximo do Behemot, nunca encontrará forças para subjugar o Leviatã, mas o homem espiritual, consciente que é uma centelha de Deus, pode fazer esse enfrentamento e vencer.
Mas quando o homem se furta a esse combate interior, negando a presença dos monstros ou renegando a ajuda do Cristo, então a influência dos monstros sobre a mente e comportamento se tornam nocivos ou catastróficos para a comunidade. Tomemos como exemplo a sociedade brasileira cujas instituições foram tomadas de assalto por pessoas dominadas pelo Leviatã, que usam a linguagem falsa para iludir eleitores e ganhar eleições, deteriora as condições financeiras do país com projetos de alimentar a fome de Behemot, e deturpa os princípios democráticos com a falácia populista.
Esta guerra contra a ação nefasta desses monstros que se materializam em diversas instâncias do poder, só pode ser ganha com a ajuda do Cristo.