A Bíblia fala da “verdadeira Luz que brilha em cada homem ou mulher que venha ao mundo” (Jo. 1:9). Deus divide livremente conosco Sua natureza divina, a “verdadeira luz”, a fim de nos transformar em seus filhos e filhas bem-amados pela graça, ao tempo de nossa criação.
Foi esse entranhado dom espiritual que Jesus mostrou possuir e que de forma bela exprimiu na carne, superando todos os desejos inadequados que vinham à sua consciência. Por isso ele é chamado de Cristo, uma palavra de origem grega, Christós, que significa “o Ungido”.
O “Eu Cristo” é, portanto, uma expressão apropriada para o nosso Eu espiritual superior, que para sempre estabelece a mais verdadeira identidade como filhos da divina luz, como filhos de Deus.
Por intermédio do nosso Eu Cristo (ungido, luz divina) todos somos UM eternamente, iguais em grandeza, perfeição, amor e mistério. Mistério porque ninguém conhece tudo com o qual Deus nos formou e somos constituídos, dentro dessa grandeza, perfeição e amor.
Assim, a missão de conhecermo-nos a nós mesmos como amor encarnado é a mesma, pois todos nós ao sermos criados recebemos do Criador uma fagulha da sua essência divina, que nada mais é que o Amor Incondicional.
Devido as formas de nossa personalidade, que é uma espécie de máscara (médico, professor, assistente social, costureira, soldador, frentista, secretária, motorista, estudante, funcionário público, técnico de informática, católico, espírita, protestante, etc.) que usamos para nos relacionar uns com os outros, vivenciamos uma série de medos, imperfeições, desigualdades e separação.
Nossos recursos materiais, culturais, educacionais, emocionais, familiares, variam muito. Por isso o caminho de volta para o autoconhecimento é necessário e absolutamente único para cada alma.
O conhecimento da personalidade de cada pessoa como uma máscara que usamos para nos relacionar uns com os outros é uma boa ferramenta de aprendizagem. Sabemos que por trás daquela máscara existe um ser humano como nós, cheio de defeitos e virtudes. Que devemos estar prontos a nos ajudar mutuamente, quem sabe mais ensina a quem sabe menos, quem tem mais divide com quem tem menos, quem ama mais compreende e tolera quem ama menos ou ainda não aprendeu a amar verdadeiramente, sem condicionamentos.
O que atrapalha muito esse processo de aprendizagem e evolução é a mentira. A mentira coloca uma máscara falsa, uma personalidade falsa na pessoa. É um religioso que diz acreditar em Deus somente para encher seus bolsos de dinheiro dos crentes que acreditam nele; é um estudante que diz ser inteligente para encobrir sua dificuldade de aprendizagem; é um marido que se diz fiel para garantir a fidelidade que ele não tem, mas exige da esposa; é o médico que jura salvar vidas quando se forma, mas só faz isso na profissão se ganhar algum dinheiro antes; é a esposa que diz amar o marido, mas ameaça mata-lo na primeira decepção que sofre.
São essas máscaras deformadas que tornam quem as usa deformados em seu caráter, pois o tempo enferruja rapidamente essa máscara falsa que ele ou ela usa e os estragos causados nos relacionamentos serão visíveis e dolorosos, sejam eles de qualquer natureza, financeiro ou afetivo-emocional. Se desconfiarmos que estejamos sendo vítimas de falsa máscara, não deixemos que isso domine nossos pensamentos, pois não somos policiais para ir a busca de mentirosos, de criminosos. Continuemos a nossa jornada de aprendizagem de como curar os nossos defeitos que são as causas dos nossos males. Aquele que usa a falsa máscara numa atitude de arrogância, de estar enganando inocentes, é responsabilidade de Deus como supremo juiz.
A cura de nossos males, quaisquer que sejam eles, tem que ter o nosso esforço pessoa para envolver tanto a natureza universal do projeto de Deus para nossas vidas (construir relacionamentos saudáveis com todo próximo, com todos os irmãos, filhos do mesmo Pai, colaborando com a formação da família universal), quanto a natureza particular do projeto humano (construir uma família e colaborar com a perpetuação da espécie humana, com filhos educados, dignos e confiantes)
A verdadeira cura, portanto, é um trabalho da alma, um processo de educação, de aprendizagem. Cada passo que a alma dá na direção de uma percepção mais ampla da realidade, de conhecimento da verdade, da natureza animal e da natureza crística, por menor que seja, constitui um avanço genuíno no caminho da cura e da evolução. O alcance da luz divina que cada um possuímos.