Temos diversas formas de duelo, a partir daquele visto nos filmes de faroeste entre mocinho e bandido, entre heróis e deuses da mitologia... sempre envolvendo pessoas. Neste tipo de duelo que vou passar a relatar não envolve personagens, mas forças dentro do campo mental que influencia o comportamento dos indivíduos.
Sempre defendo a importância do Amor Incondicional sobre o amor romântico, do amor espiritual sobre o amor carnal; que o Amor Incondicional é importante para construirmos a família universal e sair da influência dominante da família nuclear, ninho do egoísmo e gerador das mazelas sociais.
Sei da minha honesta intenção de procurar sempre cumprir a Lei do Amor ensinada por Jesus, que é a aplicação do Amor Incondicional, mesmo que muita gente acredite que isso seja impossível. Até que eu tenho um bom desempenho nesse propósito, mas devo ficar sempre atento, pois minha carne está viva e cheia dos instintos que Deus criou, que tenho de respeitar, mas que são deles que surge a força do amor romântico no campo mental.
A simpatia, a amizade, que posso desenvolver pelas pessoas do gênero oposto são bem controladas pelo Amor Incondicional, já tenho comigo essa conquista. Mas, quando surge o amor romântico na roupagem da paixão, o campo mental fica transformado, com o embate dos dois titãs em sua expressão máxima: o amor romântico de um lado com a força da paixão, como se fosse a vitamina do Popeye, e do outro lado o Amor Incondicional, como essência de Deus, que não precisa de vitamina nenhuma e sim da sintonia com o divino.
Não posso fazer como São Francisco ou São Paulo, que fugiam das mulheres para não se envolverem com essa força carnal, para não pecarem frente ao Criador. A missão que o Pai me deu foi para enfrentar essa força prodigiosa da paixão, como um dos mais fortes hálitos energéticos de Behemot, o monstro criado conosco e que Deus considera uma das suas obras primas. Somente dessa forma eu posso entrar num relacionamento, sintonizado com Deus, e que seja capaz de reprodução da carne através dos filhos. Isso só pode acontecer se eu garantir a o relacionamento homem-mulher com possibilidade da intimidade sexual, mas sem ferir a Lei do Amor.
Esta é a essência da luta. Behemot fica desperto através da ativação dos instintos e procura o ato sexual como meta principal de sua força expressa na paixão; o Amor deve permitir a aproximação dos corpos, dos pensamentos e sentimentos dos gêneros opostos, mas sem que seja ferida a sua Lei, que seja obedecida sempre, em qualquer momento de explosão emocional, de ativação dos sentidos e instintos, os principais aspectos da Lei que Jesus nos ensinou: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Amar a Deus sobre todas as coisas significa amar a toda Sua criação e na qual Ele se expressa, inclusive o monstro Behemot que aparentemente é o nosso adversário espiritual; amar ao próximo como a mim mesmo é observar com empatia o corpo, pensamentos e sentimentos do gênero oposto que se aproxima de mim e agir no sentido de fazer exclusivamente aquilo que eu gostaria que fizessem comigo nas mesmas circunstâncias.
Behemot procura espaços para realizar seus desejos, o Eu Superior, meu espírito, procura oportunidade de aplicar o Amor Incondicional e fazer a aproximação com Deus. Sei que meu Espírito estar no comando, que observa o campo mental e o desenvolvimento dessa luta titânica. Sei da força do Behemot, mas não procuro espanca-lo, como fazia São Francisco, ou fugir dele como fazia São Paulo. Procuro agir com a máxima sintonia com o Amor, refreando sempre a força da paixão que quer se impor, com olhar caridoso tanto para a mulher à minha frente quanto para o Behemot que se mostra impaciente.
Tenho uma estratégia eficiente que aprendi, de como lidar com essa força brutal e impulsiva do Behemot, que é na minha intimidade, quando estou sozinho, deixar fluir os pensamentos nos quais Behemot se expressa e dar a ele o prazer orgástico que ele tanto procura, mas sempre condicionando a uma situação não condenável pelo Amor. No campo mental isso é fácil de ser realizado, pois construo os pensamentos que formam uma imaginação e assim viabilizo uma circunstância em que Behemot seja atendido sem prejudicar o meu próximo.
Depois que isso acontece, que Behemot recebe o prazer que procura, sinto que ele não exerce tanta cobrança no campo mental, que ele se aquieta na minha intimidade carnal, e que meu Espírito pode fazer uma reflexão sem tanta pressão emocional e instintiva. Fico satisfeito com o resultado, minha consciência não acusa, sei que a Lei de Deus escrita dentro dela está sendo cumprida.
E dessa forma vai se desenrolando a luta no caminhar dos dias. Com essa aproximação dos corpos, sentimentos e pensamentos, vai acontecendo um ajuste nos paradigmas, perspectivas e metas de cada um, e se a possibilidade de intimidade sexual sem ferir a Lei do Amor venha a existir, então nenhuma outra força pode se contrapor a isso, pois seria ferir a vontade do Criador quando nos fez com esses dispositivos e possibilidades. Isso acontecendo, essa pessoa que antes já estava sendo considerada membro da família universal dentro do meu raio de influência, passa a ter uma força bem maior junto ao meu centro de ações, pois tornou-se num momento carne da mesma carne. Qualquer consequência que venha surgir em função disso, está agora dentro da Lei do Amor, e os amantes que se tornaram carnais nessa conjuntura, devem continuar se comportando sempre dentro da Lei, e não tentar em nenhum momento a transformar tudo em amor romântico com base no exclusivismo. Devem ter a consciência que essa condição que foi formada em torno deles pode acontecer mais adiante quando o Pai colocar outras pessoas em relacionamento mais próximo, tanto com o homem quanto com a mulher.
Se nunca surge a possibilidade da intimidade sexual, mesmo assim não acontece frustração por nenhuma das partes, pois não era isso que estava sendo buscado em primeiro plano. O que se buscava era aplicar o Amor Incondicional com toda sua força e honestidade, e isso a paixão deu energia suficiente para nutrir todo o vigor do Amor Incondicional e coloca-lo em ação, sem hesitações. Isso também serve para uma reflexão mais profunda, de que o Amor Incondicional, em fase mais amadurecida, não necessitará dessa energia proveniente de Behemot, que ela é auto suficiente. Por enquanto a lição continua sendo útil para mim, pois quando eu estou com um próximo que não desperta em Behemot essas emoções, devo lembrar que é um próximo com os mesmos direitos frente ao Criador e portanto eu devo agir com ele da mesma forma que agi com aquele que era alvo do Behemot, da minha paixão.