A nossa vida convive com uma contínua ameaça, desde uma destruição individual a uma morte coletiva. Isso está acontecendo constantemente ao nosso redor, com os assassinatos por roubos, furtos, assaltos até a guerras e atentados terroristas. Apesar dos inúmeros templos religiosos espalhados ao redor do mundo, e até algumas vezes de origem de dentro deles, essas ameaças às vidas humanas se concretizam.
Os ensinamentos de Jesus quanto a aplicação do Amor e a formação do Reino de Deus a partir dos nossos corações, sofre o impedimento da interpretação viciosa do amor romântico, que gera núcleos familiares de amor exclusivo, fonte da maior parte do egoísmo presente na comunidade.
Parece que não há outra saída para evitarmos essa ameaça a nossa vida individual ou coletiva a não ser seguir as lições do Cristo a partir dos nossos corações, construir o Reino de Deus dentro de nós e partir para difundi-lo ao nosso redor.
É isso que tento fazer. Interpreto o Amor da forma que Jesus ensinou e Paulo exemplificou, evitando contaminá-lo com qualquer tipo de preconceito. É tanto que a maior crítica que me fazem nessa tarefa que pretendo realizar, é que coloco a possibilidade de sexo no desenvolvimento dessas ações, mas como não fazer isso, se o sexo é obra de Deus e que é através dele que podemos dar continuidade à vida através dos filhos? Aplicar o Amor Incondicional e tirar de dentro dele a possibilidade do sexo, é inviabilizar o Reino de Deus na construção de novos seres. Se quem somente aplica o Amor Incondicional e se priva das ações sexuais, deixa de reproduzir seres com essa mesma responsabilidade e as lições se perdem no meio das inúmeras pessoas que pensam de forma contrária, usam o sexo somente para benefício de seus desejos materiais. O sexo usado dentro dos interesses espirituais, dentro dos conceitos do Amor Incondicional, sempre irá respeitar a máxima que Jesus ensinou, de amar ao próximo como a si mesmo.
Sinto que fazendo dessa forma estou trazendo o Reino de Deus para dentro do meu coração e tento dar o próximo passo, de transmitir essa condição ao meu próximo, qualquer que seja ele, de preferência dentro de um trabalho coletivo, como este que comecei a realizar na Associação de Moradores da Praia do Meio.
Isso não é fácil, sei o quanto é difícil tanto para as pessoas que se aproximam de mim desejando um amor exclusivo, quanto para mim mesmo ao sentir o sofrimento que provoco nessas pessoas. Sinto que o meu semblante melancólico se acentua com essa situação, eu sinto que ninguém pode se aproximar de mim sem sofrer. Sou uma espécie de rei Midas que tudo que tocava se transformava em ouro e não podia nem ao menos se alimentar. Tudo que eu toco com a minha aura de amor, provoca no outro o desejo da exclusividade e a alegria e felicidade do primeiro instante se transforma em dor e sofrimento por toda a vida, parece ser assim... Como posso ficar feliz com essa situação, se tudo que eu desejo é fazer a felicidade do próximo? Como posso deixar de agir assim, se é isso que sinto que o Pai deseja de mim?
Sei que estou no sacrifício e quem de mim se aproxima. O máximo que posso fazer é advertir dessa condição. Eu tenho a missão já reconhecida por mim de fazer esse trabalho em sintonia com a vontade de Deus, com todas as consequências aparentemente negativas. Quem disso tiver conhecimento e mesmo assim desejar participar desse relacionamento com todo o sofrimento que ele provoca, então estou disposto a compartilhar também com essa pessoa esse sofrimento, mas por favor, não jogue na convivência nenhuma queixa disso estar acontecendo, pois gera conflitos e isso é o que o Pai não deseja nesse relacionamento que implica na paz e na defesa da vida, tanto individual quanto, principalmente, coletiva.