Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
11/11/2015 00h59
FORMAS DE RACIOCÍNIO

            O nosso pensar obtém os dados perceptivos da realidade, quer sejam objetivos ou intuitivos, e firma diagnósticos que geralmente não são iguais uns aos outros. Existe uma tendência do psiquismo se agregar com o ritmo de pensamento da maioria no sentido de evitar conflitos ou obter vantagens.

            Estou sempre entrando em conflito com os grupos nos quais convivo, pois percebo o pensamento deles e procuro desenvolver o meu com base na compreensão que faço dos dados perceptivos. Isso se torna para mim uma constante e até com as pessoas que convivo mais intimamente termino criando incompatibilidades, pois o que considero correto, com toda argumentação que posso dispor, é isso que vou seguir, mesmo que esteja frontalmente contra a opinião do meu interlocutor, parceiro, companheiro ou do grupo.

            Tenho um exemplo simples dessa forma de pensar que parece ir de encontro ao pensamento de todos e até da cultura. É o que diz respeito ao calendário. Todos aparentemente consideram o início do século em 2001, e fiz a esse respeito alguns textos contestando isso. Veio agora à minha memória esse fato porque ao escrever sobre Jean Paul Sartre tive que citar a década que ele se referiu e precisei do auxílio do google para verificar alguns dados. Pois então fui ver que as tabelas das décadas estão todas com este mesmo erro, de acordo com o meu raciocínio. As décadas, séculos e milênios estão sempre considerando o início no ano 1 e o término no ano 0. Fui em busca do primeiro século da nossa era e está colocado da mesma forma, iniciou no ano 1 e terminou no ano 100. Isso significa uma coisa, o primeiro dia do ano está sendo considerado do ano que ainda vai se formar. A minha forma de pensar era que o primeiro dia do ano, era de um ano que ainda não existia, o ano zero. Então eu deveria registrar assim: 01-01-00 e não 01-01-01.

            Vendo agora dessa forma, as duas opções em confronto, eu me vejo forçado a conduzir meu raciocínio por outro caminho. Todos consideram que o registro correto do primeiro dia do calendário seja 01-01-01, então todos devem ter a consciência que estão falando de dias e meses de um ano que ainda não foi formado. O ano só terá sido formado quando chegar em 31-12-01. Então eu passarei a construir um novo ano no meu calendário, 01-01-02, o segundo ano que começa em primeiro de janeiro. Esta é a lógica do pensamento atual de todos, segundo a cultura.

            Por que então eu pensava de forma diferente? A minha lógica também não está errada. Ao escrever 01-01-00 eu estou dizendo que é o primeiro dia de um ano que ainda não existe. Observo agora um outro aspecto que fala contra a minha forma de raciocinar. Eu teria que escrever 01-00-00, pois também o mês não existe, seguindo a minha forma de pensar. Eu somente poderia colocar o mês quando fosse cumprido os dias dedicados a ele, 28, 29, 30 ou 31, por exemplo, 31-01-00... e dessa forma quando eu cumprisse todos os dias do ano poderia datar assim: 31-12-01.

            Vendo agora o meu raciocínio por este novo ângulo, vejo que é bem mais prático a forma que é empregada na atualidade. A minha maneira é mais complicada. Devo apenas ter a compreensão que estou falando de dias e meses de um ano que está citado, mas que não foi ainda concluído. Na minha compreensão o ano já estava concluindo e eu estava citando dias e meses do outro ano. Essa compreensão é fundamental para justificar uma nova forma de raciocínio sem perder a coerência, sem ser uma Maria-vai-com-as-outras, agindo sem ter as devidas justificativas racionais.

            Esta será uma boa forma de indagar e verificar como está o raciocínio das pessoas quanto a lógica do que acreditam ou defendem.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 11/11/2015 às 00h59