Ontem encontrei minha turma, meus colegas médicos que iniciaram o curso comigo em 1975 e concluímos em 1976. Daqueles rostos e corpos jovens de 35 anos atrás restaram almas amadurecidas pelas intempéries do tempo e pelas circunstâncias da vida.
Confesso que eu não fui um bom colega durante o curso, pouco interagia com a maioria. Lembro apenas de dois colegas mais próximos, um dos quais estava presente. Ele foi o sal para mim, o tempero que eu precisava naquela festa. Mas, confesso, o doce foi a deliciosa oportunidade de ver todos e abraça-los como nunca fiz. O meu coração borbulhava de alegria e fazia o meu corpo se expressar em coreografias ousadas no salão de dança, talvez um pouco além do que a idade agora me limita. Mas as canções cantadas pelos colegas e os toques dos seus corpos no meu, serviam como um tipo de substância psicodélica, estimulante e desinibidora.
Eu sabia que no dia anterior tinha sido o Dia Mundial de Ação de Graças, sabia que no dia atual as lojas no comércio, aqui e alhures, davam descontos fantásticos aos seus clientes. Refleti que o Pai estava nos oferecendo a data perfeita para o nosso encontro, para agradecer a Ele por tudo que fez e continua fazendo em nossas vidas. Que este era o momento de nós também darmos um desconto nas atividades comerciais/profissionais e nos dedicar de corpo e alma aos nossos colegas. Acredito que eu tenha dado um desconto de 40% nas minhas atividades, mas teve colegas muito mais generosos, que chegou a dar 100% de desconto nas suas atividades, e além disso tendo alguns que se deslocar de locais distantes, até fora do Estado.
Meu coração estava saltitante de alegria, o meu corpo suado de frenesi. Mas eu tinha que sair de 1h, pois de 2h o trabalho estava me esperando. Fui embora pra casa e sempre refletindo... Nossa turma continua aprendendo!
Hoje eu tive uma ótima aula para o intelecto e principalmente para a emoção. Entendi a amplitude da Família Universal que o Cristo veio nos ensinar. Essa turma é sim, minha família! Muito além dos conflitos por competição profissional que possam ter existido, por picuinhas emocionais que possam ter vicejado, muito além de tudo isso, despertou em mim o sentimento que cada um daqueles rostos redesenhados pelo tempo, era um irmão querido, que o olhar balsamiza e o abraço liberta. Tenho certeza que se não fosse o clima festivo de tanta alegria, minhas lágrimas teriam prevalecido e corrido também num rio de alegria.
Sei que amanhã ao acordar tudo isso parecerá um sonho. Mas eu irei guardar a gravata de papelão, os óculos de borboleta, o chapéu coco vermelho que me ajudaram na coreografia do salão, para que me provem que tudo foi real. E, se ainda alguma dúvida restar, os meus ossos responderão com uma firmeza artrítica: sim, tudo foi real!