Tenho feito uma observação que se repete constantemente, relacionada com o amor e a paixão, a alma e o Behemot (monstro criado por Deus dentro de nós – veja o Livro de Jó na Bíblia). O Behemot é o monstro que desperta a paixão, pelos desejos corporais que ele estimula, principalmente o desejo do sexo nas pessoas adultas. A alma foi criada diretamente por Deus deixando nela a fagulha da Sua essência, o Amor. Então, estamos aqui na Terra, o planeta azul de provas e expiações, num processo de aprendizagem para a alma, saber como domesticar a força do Behemot presente no corpo com a força do Amor existente dentro da alma. Como não poderia deixar de ser, esse é um processo essencialmente educativo, de vencer a ignorância na qual fomos criados por Deus para adquirirmos com nossas próprias forças, a resistência moral para vencer qualquer desvio da Lei do Amor Incondicional. Este foi a missão que Jesus, enviado divino, veio nos trazer, ensinar sobre o Amor Incondicional como condição “sine qua non” (uma expressão latina que significa “sem a qual não pode ser”) para sermos considerados cidadãos do Reino de Deus.
O casal se conhece, Behemot desperta, cria a paixão entre ambos, e o casamento acontece. Com o tempo, o apetite sexual por essa pessoa arrefece, principalmente no homem. Behemot começa a dirigir o olhar com mais atenção para outras mulheres. Sua educação, os princípios éticos inerentes ou adquiridos fazem o freio necessário para a fera. Mas é insuficiente, a força do Behemot sempre constante no psiquismo vai encontrando justificativas as mais bizarras para atingir seu objetivo. O ser humano geralmente cai nessa armadilha e esquece compromissos anteriores que formou com a sua esposa, com os filhos que foram gerados, com a expectativa que todos ao redor tinha ao seu respeito. A mentira é gerada para o conflito não surgir, pois ele já existe nas ações que foram realizadas em atenção aos desejos do Behemot. Finalmente, um dia a verdade surge e o conflito se torna visível. As almas dos cônjuges se engalfinham em luta verbal e corporal, o Amor que nunca foi devidamente reconhecido nesse processo, passa a ser acusado injustamente de ter sido quem tudo iniciou. Por essas pessoas que nunca sentiram o Amor real! O Amor que Jesus veio para nos ensinar.
Eu, na condição de terapeuta e discípulo de Jesus, tenho uma dupla função: prescrever a medicação necessária para apagar os incêndios emocionais gerados na mente, com potencial destrutivo, tanto para quem está perto, como para com a própria pessoa. É daí que observamos os assassinatos e suicídios. A minha outra função, mais nobre e mais necessária, que resolverá o problema em definitivo, é ensinar o Evangelho de Jesus, seu significado e a importância de praticarmos o Amor incondicional obedecendo a sabedoria da fórmula que Ele nos forneceu: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Mas, como é difícil! Eu me sinto como um bombeiro no meio das labaredas desse incêndio emocional causado pela força dos dois Behemot que estão se digladiando e gerando tanto conflito. Nenhum desses Behemots tem ouvidos para mim, eles querem saber somente dos seus interesses imediatos, querem a sua liberdade, querem ser respeitados, não querem ser humilhados, exigem, ameaçam, expulsam, batem, xingam... surgem daí as marcas nos corpo que todos veem e principalmente as marcas na alma que ninguém ver. Os filhos são os mais prejudicados, não entendem nada do que estejam presenciando, entendem apenas que seus pais estão se machucando e o medo e a insegurança passam a atormentar suas inocentes almas...
Estou no meio desse incêndio, distribuindo remédio e semeando palavras... os remédios perdem seus efeitos com o tempo, tem que ser repetidos regularmente, as vezes o Behemot reage, ele quer está ativo para brigar... as palavras parecem que não chegam a ser consideradas pelas almas, parecem que ficam incineradas nas labaredas desse incêndio...
Nesse estágio a solução mais adequada é afastar corporalmente esse casal que mantém os seus Behemots em briga renhida. Afastar e deixar o Tempo, serviço de lixo criado por Deus para limpar nossas almas da sujeira do Behemot. Nesse momento de afastamento é que as lições do Evangelho podem chegar na consciência e despertar lentamente a semente do Amor que Deus deixou plantada dentro da alma. Vai ser um trabalho difícil para a pessoa se libertar da raiva, do ódio e do ressentimento, e refletir sobre os erros que ambos cometeram, ela mesma e seu cônjuge. Vai perceber cada vez mais com melhor clareza a natureza dos conflitos que está dentro da sua alma. A necessidade do perdão começa a surgir, tanto para o companheiro como também para si mesmo, pois passa a reconhecer que foi causa de muitas brigas. Nesse processo de educação, de reconhecimento da Verdade, surge o milagre que Jesus citou: “A Verdade vos libertará”. Tanto ódio acumulado no passado pelo comportamento do seu cônjuge, a pessoa vai perceber que o motivo de tudo isso era porque ele estava sob o domínio do Behemot, assim como ela mesma, que eles não sabiam ainda como usa o Amor, pois nem sabiam que ele existia e como isso seria possível. Os filhos se recuperam do trauma causado em suas consciência, pois veem os pais, mesmo distantes, se comportando de forma reconciliatória e fraterna.
Talvez, quem sabe, um novo acordo possa surgir entre eles e voltem a conviver, dessa vez em harmonia, sabendo que a força mais apropriada, mais forte para conter as exigências do Behemot é o Amor que eles agora sabem como é e que estão dispostos a praticar em suas vidas.