Mateus escreveu em 5,37 que o Cristo ensinou: “Seja o vosso modo de falar um simples sim, um simples não; o que passa daí vem do mal”.
Isso implica que tudo que eu fale deva ter uma correspondência genuína e autêntica, um perfeito ajuste com o que de fato ocorre. Se os lábios dizem sim ou dizem não, isto deve corresponder perfeitamente a algo que vem ou brota da maior profundeza do próprio coração. Por isso, nada pode me desmentir, nada pode me por em dúvida. Esta deve ser a minha única garantia, não devo ter necessidade de nenhuma outra, como por exemplo, jurar pelos santos, pelos deuses, pelos parentes. A única garantia que posso dar é a do próprio Deus que reside em mim, da consciência crística, do Cristo interno, desde que eu o cultive.
Existem algumas motivações para a existência da mentira, como por exemplo: 1) Adquirir e conservar algo ilícito; 2) Tentativa de se livrar das consequências do mal realizado; 3) Comodidade, ociosidade, evitar o trabalho do corpo; e 4) Uma espécie de vício dentro de uma mente leviana ou patológica, uma mente demente que mente despudoramente. Evitar essas motivações é essencial para a permanência da veracidade no comportamento.
De forma geral, posso pensar que as pessoas mentem ou porque são malvadas, covardes ou doentes. Mas, no fundo, todas mentem porque são espiritualmente ignorantes. A ignorância espiritual pode ser considerada como a primeira e última causa de todas as mentiras. Todas as pessoas que não conhecem a doutrina cristã, e que não tem qualquer instrução ética, tendem a ser dominadas pelo Behemot, a força egoística exemplificada pelos instintos. Mesmo conhecendo a doutrina cristã, mas não se esforçando para colocá-la em prática, vamos verificar o espectro de quem está mentindo: os enganadores, os hipócritas, os mexeriqueiros e os bajuladores. Mente quem calunia, difama, injuria ou critica maldosamente o seu semelhante. Mente ainda quem comete evidentes exageros, até mesmo ao elogiar alguém.
A mentira é tão perigosa que a sociedade só não entra em colapso nem se desintegra, porque as suas engrenagens, desde aquelas que se dão no interior de uma família, até as que ocorrem na complexidade de uma nação, são quase todas elas permeadas mendacidade e pela hipocrisia.
Foi dentro desse mar de mentiras que surge Jesus e nos ensina e exige uma veracidade absoluta e uma transparência total em todos os pensamentos, sentimentos e ações, em todas as nossas intenções, palavras e atos.
O que Jesus queria alcançar com essa lição da veracidade? João registrou essa resposta em 8,32: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Eis a resposta definitiva para todas as criaturas dotadas de livre arbítrio. Em todo o Universo somente a verdade pode libertar o homem da mendacidade em que se encontre mergulhado, e principalmente da ignorância, que produz todas as mentiras e hipocrisias.
O homem que a verdade libertou, nunca mais pode ser escravo de coisa alguma, dos grilhões do mundo. É livre para mergulhar na eternidade e no infinito, e viajar eternamente por oceanos de luz, ao sopro das auras de Deus.
Não estou completamente liberto, ainda tenho que aperfeiçoar meu grau de veracidade, mas sinto que estou caminhando nesse sentido.