No domingo passado participei do bazar realizado pela Associação de Moradores e Amigos da Praia do Meio (AMA-PM), uma ação beneficente sustentada pela solidariedade dos diversos doadores dos objetos que comercializamos e pelo trabalho dos voluntários que desde as 6h da manhã começaram as atividades até as 17h.
Fiquei a refletir que nós, todos que estávamos naquela atividade, estávamos dentro de uma sala de aula da grande Escola que o Cristo desenvolve na Terra. Existem os diversos templos construídos em nome de Deus, das mais diversas facções religiosas. Entendo que todos eles preparam a humanidade para a construção do Reino de Deus, cujo governo na Terra é realizado por Jesus. Não importa que a pessoa identifique Deus com as mais diversas formas de denominação, se ela cumpre a Lei do Amor, que é a essência do verdadeiro Deus, criador e mantenedor do(s) Universo(s) pela eternidade sem começo nem fim, ela estará seguindo as lições de Jesus, e, portanto, sintonizada com o Pai e para Ele se dirige espiritualmente no processo evolutivo.
Então, essa atividade do bazar tem uma natureza diferente daquelas realizadas nos templos de qualquer denominação, porque aqui estamos sendo forçados a aplicar na prática os ensinamentos recebidos nos templos. Entendo que os templos sejam o espaço em que a humanidade deve aprender sobre o mundo espiritual para complementar o seu aprendizado sobre o mundo material. Aprende que existe um Criador supremo e que os espíritos criados diretamente por Ele devem aprender a se comunicar com Ele e obedecer a Lei do Amor que á a sua essência. Jesus foi o espírito mais santo que chegou entre nós, materializados, para ensinar sobre este Amor e como se dirigir ao Pai (Pai Nosso) e serve de modelo para o nosso comportamento.
Dessa forma, as pessoas assim instruídas nos templos devem voltar ao convívio comunitário e aplicar o que aprendeu. Este é o passo mais complicado do aprendizado, passar da teoria à prática. Isto é o que tentamos fazer na ação deste bazar. Solicitamos a caridade dos doadores, ofertamos o nosso trabalho durante um dia de feriado e oferecemos à comunidade carente acesso a bons produtos por um preço irrisório, e cujo total apurado irá para a tesouraria da Associação e ser mais uma vez utilizado, integralmente, em benefício da comunidade.
Durante a realização do bazar nós sempre estávamos advertindo a natureza do nosso trabalho, que era essencialmente cristão, que confiávamos na honestidade de todos, pois o nosso supervisor (Jesus) estava entre nós, obedecendo as ordens do patrão (Deus) como desejava que todos nós o fizéssemos. Da mesma forma como acontece numa fábrica de tecidos... as costureiras trabalham com a supervisão de alguém para confeccionarem produtos de acordo com a vontade do patrão, e no fim receber o salário para a sobrevivência sua e de seus familiares. Esses produtos das fábricas são as diversas vestimentas, bem produzidas, bonitas e elegantes para vestir o nosso corpo material. O nosso trabalho no bazar deve também está produzindo produtos como caridade, tolerância, educação, compreensão, empatia, agradecimento, etc. Receberemos o salário no mundo espiritual, diretamente do Patrão, de forma exclusivista, que não posso repartir com ninguém. O que posso fazer é ensinar os meus companheiros como trabalhar de acordo com as lições do Cristo para cada um se habilitar em receber também o seu salário no mundo espiritual.
Portanto, com todas essas instruções, não podemos perder a paciência e nos comportar da mesma forma que as pessoas extremamente ignorantes às quais servimos e tentamos ensinar, venham nos provocar. Um caso emblemático aconteceu neste trabalho. Uma das compradoras, senhora rude e agressiva, estava agindo de forma desonesta, colocando peças mais caras no rol das mais baratas. Nossa companheira, principal responsável pelo bazar, pessoa que contribui significantemente com as finanças da Associação, devido seu empenho em adquirir e gerir o dinheiro, advertiu de forma firme que aquelas peças tinham um valor maior. A compradora reagiu com agressividade que parece ser peculiar em sua vida e ameaçou dar uma tapa na cara de nossa companheira. Esta, reagiu também de imediato, e disse que podia vir dar, que ela também receberia... felizmente a mulher foi embora, fumegando em raiva e ódio.
Faço agora uma reflexão mais aprofundada desse caso, já que no momento, as pessoas que presenciaram o fato fizeram advertências a nossa companheira, de forma mais irônica, inclusive eu. Mas, estou agora sentado ao lado do Mestre e Ele diz o que fizemos de errado naquele momento, que não atinge a uma só pessoa isoladamente e sim a todos, pois constituímos uma sala de aula da Escola do Cristo.
“Meu filho, vocês receberam uma boa nota nesse teste prático de minhas lições, mas erraram em dois quesitos. Vocês devem saber que Eu me apresento no mundo frequentemente, não na vestimenta dos reis ou doutores, mas nos farrapos dos miseráveis, na ignorância dos perdidos... Eu estava presente naquela irmã que luta pela sua sobrevivência com os meios equivocados da violência, que arrastava dois filhos pequenos, um no braço e outro pela mão... certamente que ela não escutou a minha voz na sua mente, dizendo para não fazer a desonestidade, que pedisse que os irmãos que estavam ali podiam lhe ouvir a necessidade... então ela foi tentando ludibriar... era o momento de vocês mostrarem o Amor e solidariedade que eu não consegui... pois vocês são os meus braços, pernas e palavras neste mundo material. Poderia ter dito assim com a maior compaixão e procurando falar discretamente com ela: “Minha querida, essas peças tem um outro valor, mas se você precisar levar por esse preço, não tem problema, eu justificarei frente aos meus companheiros que também sabem o valor das peças”. Isto já seria suficiente, mas vocês ainda poderiam obter uma nota maior nesse quesito agindo assim em continuidade: “Também vejo que você está com duas crianças, eu queria dar um presente para elas, posso? Você vai até aquele meio onde estão as peças de um real e escolhe três peças para cada um de seus filhos e cinco para você. Quero apenas o seu nome e o nome das crianças, para quando você nos procurar na Associação em busca de ajuda ou para ajudar alguém, eu saber de quem se trata, pode ser?” Aí sim, vocês teriam obtido nota máxima nesse quesito. Mas o Mestre continuava a lição: “Você lembra daquele episódio que Eu multipliquei os peixes para atender a multidão? Por acaso esse bazar não lembrou para vocês aquele momento? A diferença é que vocês não sabem como foi que o Pai fez surgir tantos peixes, e agora vocês sabem que tantas peças para o bazar que vocês receberam vieram da doação das pessoas, mas nem se apercebem que isso também é ação Pai que coloca no coração de cada doador a energia do Amor que Ele criou dentro da pessoa. E o milagre acontece... milhares de peças para a distribuição... Tudo bem que seja cobrado um valor para justificar o abastecimento do caixa que deve servir a todos, mas nada justifica que uma pessoa saia do ambiente sem ser banhada pelo Amor.
Outro quesito que vocês receberam nota baixa e nem perceberam... eu compareci no final dos trabalhos, arrastando na cintura um saco para catar lixo e pelas mãos duas crianças; agradeci pelo lanche que me deram e as minhas crianças, mas fiquei desgostoso quando fui afastado como pessoa non grata da mesa de lanche... e tu, Francisco, que observavas tudo, achou que estava correto. Tu não conseguiu me ver naquela pobre pessoa, não o levou as pilhas de roupas e ofereceu para ele escolher o que precisava, não procurou saber o seu nome nem o nome da crianças, onde morava... não se dispôs a ir até sua casa ajudando a levar algum benefício extra e procurando observar em que mais podia ajudar a essa família que se encontra perdida no mundo. Nota zero, principalmente para você Francisco, que é o coordenador do projeto Foco de Luz e devia dar o exemplo. O foco de luz que você emitiu para aquelas criaturas, homem e crianças, foi mínimo... Eu fui embora e tu nem Me olhaste nos olhos.
Assim terminou um dia de testes na Escola do Cristo. Sei que tirei nota baixa, mas me contento por não ter tirado zero e está disposto a me esforçar para melhorar a cada dia.