O Reino de Deus, como qualquer outra instituição, deve também obedecer a uma hierarquia. Jesus deu um indicativo dessa hierarquia ao falar sobre João Batista: “Em verdade vos digo: entre os filhos das mulheres não surgiu outro maior que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele.”
Isso implica que João, mesmo sendo o maior neste mundo material, de alguma forma ele está contaminado por seus miasmas, pois um habitante do Reino dos Céus, que não deve estar contaminado por tais miasmas, se torna maior hierarquicamente.
E que miasmas são esses que deixava João contaminado, e que, se ele fosse admitido assim no Reino dos Céus, ficaria atrás do menor dos habitantes?
Verificamos que as estruturas de poder no mundo material sempre privilegia a lei do mais forte, quer seja física, política ou econômica. Isso diverge da lei do Amor, onde o maior é aquele que mais serviço presta a todos. Esse tipo de violência obedece à lei natural dos instintos que tende a arrebatar à força o objeto de seus desejos, justificando a presença do Behemot, monstro criado por Deus dentro de nós.
Parece que João Batista, pelo menos na forma, deixava se expressar na fúria do Behemot, mesmo que na essência ele estivesse correto.
Mas parece que, para Deus, para ser cidadão do Seu Reino, o Espírito deve mostrar habilidade no controle do Behemot, tanto no conteúdo quanto na forma. Temos que ter a força de transformar nossas atitudes em ações sempre corretas perante a Lei do Amor. O problema é que nenhum de nós nasce com essa vontade de se doar, de chegar a dar a maior prova de amor como o Cristo fez, de doar a sua vida pelos irmãos.
Para se conseguir acompanhar os passos do Cristo, é necessário exigir do Espírito força para o enfrentamento com o Behemot, fazer um tipo de “violência” contra os desejos carnais de comodidade, egoísmo, prazer e poder.
Esse é o jugo que o Cristo falou, o jugo feito pelo Espírito sobre a carne. À primeira vista parece muito doloroso, manter os desejos do corpo, a vontade do Behemot, sob o controle do Espírito, à distância, para não prejudicar ninguém.
Só quem já conseguiu praticar essa lição, é que pode reconhecer a leveza do jugo, como o Mestre ensinou.
Reconheço que eu tenho um bom adiantamento nessa prática, de controle de Behemot no quesito de prejudicar o próximo. Porém, a força da gula e da preguiça ainda estão muito distantes do meu controle. O maior prejudicado por essa falha sou eu mesmo, pois, com relação a preguiça, deixo de realizar aquilo que considero importante, que pode ajudar muita gente e catalisar o meu processo evolutivo. Por outro lado, a minha capitulação frente a gula traz prejuízos diretos sobre mim mesmo, meu corpo fica pesado, acumula gordura, se torna um campo aberto para a geração de doenças.
Tudo isso pode comprometer o sucesso da minha missão, a qual já tenho com clareza cada vez maior.