De todas as virtudes parece que aquela que é o motor, que impulsiona todas as outras, é o trabalho. Tenho cada vez mais convicção dessa intuição, pois vejo que tenho ao meu redor uma série de atividades bem intencionadas, recheadas de amor, de obediência à vontade do Pai, mas se o Trabalho não se impor para realiza-las, nenhuma sairá do papel.
O adversário que se contrapões ao Trabalho é a Preguiça. Como fazer para vencer essa força associada ao poder do Behemot? Sei que neste próximo ano de 2016 que está chegando, tenho que focar minhas energias na realização do trabalho.
Não sei bem como irei iniciar essa ação, pois tudo ao redor implica em trabalho, e eu já realizo uma boa quantidade, mas relacionado com a vida material. O que eu pretendo investir agora é no trabalho associado à vida espiritual.
Com relação ao outro adversário, a Gula, eu tenho uma boa estratégia para vencê-la, pelo menos em algum momento significativo. É com relação ao período da Quaresma. Eu faço uma relação com o esforço que Jesus fez, passar 40 dias no deserto, em jejum, e agora que eu vim a saber que Joaquim, pai de Maria, a mãe de Jesus, também passou 40 dias no deserto, pedindo a Deus que lhe favorecesse e tirasse a pecha da indignidade de não gerar filhos, então, eu pego esses exemplos e tento associar o meu comportamento de querer seguir a vontade do Pai, ao exemplo do Mestre, mesmo que não seja com toda a energia que ele despendeu naquele período. Mesmo assim é uma boa estratégia, consigo reunir forças ancoradas no exemplo do mestre e realizar um jejum suficiente para conter a energia da gula do Behemot.
Mas com relação ao Trabalho eu não tenho algo semelhante. Estou pensando em associar o trabalho material, acadêmico, com o trabalho espiritual. Talvez essa seja uma saída para o meu dilema. O curso de Medicina, Saúde e Espiritualidade que eu coordeno pode ser a ponte. Acabei de receber o congresso do MEDNESP 2015 que foi realizado em Goiânia, muito bem produzido e gravado em pendrive. Já fiz toda a programação do que foi realizado nesse congresso e pretendo apresentar aos colegas da AME-RN um projeto de fazer um seminário usando esse material, colocando um debatedor a cada dia, de preferência um professor ligado à academia e que necessariamente não tenha nenhuma religião. Essa atividade servirá para mostrar aos colegas a importância de conhecer a espiritualidade no cuidado com os pacientes, e ao mesmo tempo servirá de caixa de ressonância para as atividades realizadas em Goiânia.
Com a realização deste trabalho eu consigo vencer um pouco da minha inercia espiritual, na questão de realizar trabalhos diretamente relacionados com a espiritualidade. Certamente isso irá me ocupar mais de 40 dias, aqueles que eu pretendo passar na quaresma, e talvez até esse tempo do trabalho seja concomitante com o jejum; seria então a dupla, jejum e trabalho, vencendo a dupla gula e preguiça, respectivamente.