Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
31/12/2015 00h59
FORÇA INTERIOR

     

            A filósofa Ruth Change fala sobre a Força Interior necessária para tomar decisões que podem mudar nossa vida e a importância de encarar as escolhas de maneira correta.

            Como tenho interesse nesse assunto, pois enfrentei uma decisão radical de pautar o meu comportamento dentro da ideologia cristã, aquela que considero correta de acordo com os princípios da minha consciência, e não aquela que é ensinada de acordo com os ditames eclesiásticos, passei a viver o que entendi ser coerente com o Amor Incondicional. Passei a praticar esse paradigma com a maior pureza possível, dentro de todos os meus relacionamentos, principalmente os afetivos: passados, presentes e futuros. Entendo que assim estarei construindo uma nova forma de família diferente, saindo do padrão nuclear, do amor exclusivo, para o padrão ampliado ou universal, do amor inclusivo.

            Necessito a todo momento dessa força interior para me manter dentro desse caminho que escolhi como o correto e como uma missão, uma vez que estou cercado de pessoas que pensam de forma contrária, que, mesmo desenvolvendo sentimento de amor por mim, não conseguem fazer a distinção do amor romântico para o incondicional. Em decorrência, sou atacado implícita ou explicitamente por todos, por isso é que preciso da Força Interior para me manter no caminho.

            Não imaginava a princípio que a escolha que fiz fosse necessitar de tanta Força Interior. Tudo me parecia tão natural, parecia que a maior dificuldade que eu iria encontrar seria vencer as minhas próprias resistências, o machismo que impedia dar a mesma liberdade que eu tinha à minha companheira. O tempo veio mostrar que eu estava equivocado. Sei que foi difícil, realmente, vencer meus preconceitos machistas, mas venci-os a todos! Porém os preconceitos da família nuclear, do amor exclusivo, das minhas diversas companheiras, constantes ou eventuais, isso eu não consegui. Mesmo porque não depende da minha Força Interior, e sim da Força Interior de cada uma delas. Por mais inteligente, espiritualizada ou autônoma que sejam, sempre se envolvem com os critérios do amor romântico e esquecem dos princípios do amor incondicional.

            O outro cuidado que devo ter é o de escolher o caminho de maneira correta. Nesse ponto eu observo uma incoerência constante em todas as minhas companheiras, que parece muito com injustiça na melhor das hipóteses, e de hipocrisia na pior.

            O caminho que escolhi de acordo com os princípios da consciência, do que ela avaliou como sendo amor incondicional, implicou em abrir o meu relacionamento para a prática do amor inclusivo. A inclusão de outra pessoa dentro do meu relacionamento afetivo implica no afastamento temporal e espacial com a primeira companheira. Essa primeira companheira sente o impacto negativo desse afastamento, mas a nova companheira que foi incluída sente o impacto positivo da aproximação. Compreendo que, se ambas estivessem sentindo e se comportando dentro do amor incondicional, esses impactos emocionais, negativo e positivo, seriam atenuados. A Força Interior delas está sintonizada com o amor romântico e isso faz potenciar a força emocional do impacto negativo e positivo. A primeira sente a dor pungente de uma separação, mesmo que seja temporária. Não existe Força Interior que conduza as emoções em outra direção, para compreender e sentir como positivo o prazer que o seu companheiro tem com outra companheira. A segunda sente o prazer inusitado do amor ao seu lado, com harmonia, com tolerância, com fraternidade, e não existe uma Força Interior que advirta que esse é um momento que não pode ser eterno, que um dia irá terminar, mesmo que seja temporariamente.

            A incoerência surge quando a terceira companheira acontece e a segunda, sem nenhuma Força Interior que ajude a harmonizar, passa a sentir sentimentos de raiva e despeito pela situação que ela um dia proporcionou. Daí eu considerar essa condição emocional ser um sentimento de injustiça ou de hipocrisia, pois mesmo agindo dentro dos princípios do amor romântico, devia saber que ela mesma proporcionou tais sentimentos em outra pessoa, poderia ficar no mínimo compensada psicologicamente.

            Enfim, cada pessoa que faça os seus devidos diagnósticos e procure encontrar a Força Interior necessária para realizar as escolhas que sua consciência tiver aprovado.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 31/12/2015 às 00h59