Hoje é o dia consagrado pela igreja católica à memória de Maria, a mãe de Deus. Começa assim uma polêmica que até hoje divide os cristãos, aqueles que acreditam nessa informação, de que Maria é a mãe de Deus, e aqueles que não acreditam que Deus tenha tido necessidade de ser gerido por uma mulher, por mais perfeita que ela tenha sido. Mesmo dentro de suas argumentações, a igreja não consegue escapar das incoerências que gerou.
A igreja diz que Maria recebeu a missão de Deus e acatou para si, conceber através do Espírito Santo. A Anunciação aconteceu em 25 de março, que Maria iria carregar em seu seio o Filho Unigênito de Deus.
Depois a igreja ensina que Deus se fez carne por meio de Maria, que Ele é o ponto de união entre o céu e a Terra.
Formou-se assim a confusão entre o Pai (que mandou), o Filho (que nasceu) e o Espírito Santo (que engendrou). A melhor forma encontrada para sair desse labirinto de incoerências foi dar uma personalidade única aos três: Pai-Filho-Espírito Santo.
Quando falamos assim, “Mãe de Deus”, quem possui uma compreensão de Deus acima dos preconceitos e dogmas religiosos, percebe logo a incoerência. Como uma mulher, por mais perfeita que seja, é capaz de gerar Deus?
Procuro evitar todo esse malabarismo religioso, dogmático, e compreender todo esse relato dentro de uma perspectiva natural, mesmo que tenha pitadas de misticismo, justificada pela minha fé no mundo espiritual e na ignorância do muito que ainda não sei.
Maria nasceu de pais muito religiosos, que pediram a Deus, já em idade avançada, para terem um filho, uma vez que um casal estéril era muito criticado e discriminado na sociedade em que viviam. Deus atendeu os seus pedidos e como uma compensação para a divindade, foi oferecida ao Senhor e foi morar no templo. Mas logo que chegou a menarca os sacerdotes a tiraram do templo, pois entendiam que uma mulher menstruada era impura e Maria poderia contaminar a casa de Deus.
Observo mais uma vez a força dos preconceitos e dogmas direcionando comportamentos, mesmo dentro de uma casa de Deus. Como uma mulher que obedece a natureza criada por Deus com a menstruação, pode ser considerada impura? São esses pensamentos e comportamentos que ainda hoje existem dentro de igrejas que me afastam delas e me aproximo da Natureza.
Então, Maria sai do templo e é oferecida a José, bem mais velho, viúvo, com filhos. Maria aceita e logo em seguida aceita também a proposta do anjo de ser a mãe do filho de Deus. Ficou confusa com a suspeita de traição que José certamente iria ter a respeito dela. Mas o anjo ajudou, entrando no sonho de José e explicando a situação. A fé dos dois conseguiram suportar a situação anômala.
O que importa é que hoje sabemos que ela foi a mãe de Jesus, o Mestre do Amor, que nos deixou o Evangelho como bússola e medicamento, e por esse motivo merece ser reconhecida no primeiro dia do ano, dia também consagrado à paz, a confraternização universal.
É bastante aceitável que ela permaneça com esse destaque da paz e da solidariedade e que represente as mães de todo o planeta, uma vez que o seu filho é considerado o Governador espiritual do planeta.
Enquanto isso, Deus, inteligência suprema do universo, energia sublime do Amor, continua integrando cada minúscula ou maiúscula parte de sua criação, expressa na Natureza visível ou invisível aos nossos olhos ou artefatos tecnológicos.