Percebo que vai ser necessário ensinar o Amor verdadeiro, o Amor sem nenhum tipo de condicionamento, romântico, materno, filial, fraterno, etc., de forma muito parecida como aprendemos o alfabeto, na base do bê-á-bá, na junção de sílabas.
Teremos que construir uma cartilha com essa sistemática. Uma cartilha onde cada forma de relacionamento, pessoal, interpessoal ou com qualquer aspecto da Natureza esteja presente esse tipo de Amor, o incondicional.
O primeiro ensinamento é fazer a diferenciação do amor romântico do Amor Incondicional. Enquanto aquele desenvolve o egoísmo, a exclusividade, este desenvolve o altruísmo, a inclusividade. A estrutura social sofrerá então um grande impacto, uma grande transformação. As famílias que se desenvolveram com o amor romântico e formaram estruturas nucleares, fechadas, permissivas pra si e restritiva para os outros, agora, com o Amor Incondicional se transformam em famílias ampliadas, universais, abertas, restritivas com o egoísmo do Behemot e fraternas com as outras.
Cada filho de cada pessoa pode ser considerado meu filho também. Se os pais de uma crianças falecem num acidente de carro e qualquer pessoa que passe no local, irá adotar como sua, até o momento que chegue algum parente biologicamente mais próximo. Não será mais visto pessoas desamparadas pelos campos ou pelas cidades; não existem mais crianças nos semáforos, na prostituição, no trabalho forçado... a Justiça e a liberdade imperam em todos os relacionamentos.
O bê-á-bá do Amor será ensinado a todas as crianças logo cedo, dentro de casa ou nos bancos escolares. Logo será ensinado a todas as crianças o que todos os adultos já sabem. Que o Pai Universal nos criou com um monstro dentro de cada um, com a finalidade de lutar pela preservação do corpo biológico no qual ele está abrigado. Mas, sua energia deve logo ser entendida, e aprendida a melhor forma de conter os seus impulsos, para que não prejudique a ninguém ou a nenhum aspecto da Natureza.
Cada criança será educada sabendo utilizar constantemente a importante bússola que o Mestre Jesus nos ensinou: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
O grande teste para cada pessoa é quando chegar o momento da adolescência, quando os hormônios inundarem o sangue de cada um e desperte a voracidade do Behemot, em busca de segurança, alimento, sexo, ociosidade, orgulho, vaidade... enfim, os sentimentos relacionados ao egoísmo tendem a emergir no pensamento e no comportamento. É aqui que as lições feitas na fase infantil, na meninice, mostram a sua importância. O bê-á-bá do Amor que cada um aprendeu agora servirá para conter as emoções fortíssimas ligadas ao desejo sexual, da posse do parceiro, da exclusividade de afetos, da transformação do Amor Incondicional em amor romântico ou qualquer tipo de condicionamento.
Imagino uma sala de aula com essa estrutura curricular. Os pequenos alunos aprendendo que Deus está presente em todos os povos, principalmente no próximo, tanto que em algumas culturas as pessoas cumprimentam não a si próprios, mas ao Deus que cada um carrega de dentro de si: Namastê (o Deus que habita o meu coração, saúda o Deus que habita em seu coração).
Será que eu sei soletrar o Amor em meus relacionamentos, todos que ocorrem em minha vida? Ou será que eu não passo de um analfabeto funcional do Amor, que só sei falar e escrever sobre tal, mas que não sei ainda colocá-lo nas minhas práticas?
Se isso acontece eu tenho uma boa desculpa, pois ninguém me ensinou tal em momento algum, a não ser o Mestre de Nazaré, há mais de 2.000 anos. Mesmo assim ainda dizem que ninguém pode realizar tais lições, somente Ele... mas eu continuo a teimar, que um dia saberei amar tão puro quanto Ele.