Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
09/01/2016 00h59
MEU PRIMEIRO AMOR

            Ao ouvir uma música de minha adolescência, invade-me a nostalgia dos primeiros amores e fiquei inspirado para fazer um conto adaptado da realidade o qual reproduzo neste espaço.

            Tenho 12 anos... não sei bem o que é isso que sinto... quando olho pra ele é como um fogo que invade meu corpo e queima por dentro forçando as lágrimas saírem de par em par para tentar apagar um queimou, um incêndio. O coração acelera... a respiração fica rápida, entrecortada... meu Deus, será o amor? Mas eu sou tão pequena, sou ainda uma criança... não sei amar, não posso amar... ele é casado, sabe de tudo, eu não sei da nada! Ou melhor, sei que não posso amar...

            Mas, meu Deus! Ele olha pra mim, aumenta o meu incêndio... tenho que baixar os olhos, deixar as lágrimas caírem sem ninguém perceber... olhar para distante, para o nada... meu Deus! Ele olha pra mim, percebe minhas lágrimas... e vejo, sim eu vejo... seus olhos também estão molhados!

            Ele está sentado na janela do ônibus. Vai embora pra sua cidade depois de ter passado um fim de semana na casa de minha família. Está ao lado da sua esposa que o acompanhou nessa visita. Ele é casado, meu primo, e bem mais velho do que eu... Não pode ser amor! Eu sou apenas uma menina!

            Mas seus olhos falam com os meus, e sim, eles dizem que me ama. Mas não pode ser, eu sou apenas uma menina, não sei amar, não tenho o direito, não tenho a idade... eu nunca amei!

            Mas seus olhos pedem para eu amá-lo também, pois ele me ama. Mas não tenho idade, não tenho direito, de sair sozinha contigo, respondo da mesma forma... será que ele está entendendo o meu olhar? Ele sabe de tanta coisa mais do que eu, com certeza está entendendo tudo que meus olhos falam... Eu queria saber tudo que ele sabe, mesmo que não pudesse amá-lo, queria ele como meu mentor... que entrasse em minha mente, me ensinasse como amar.

            Eu não tenho nada para você, não tenho nada para dizer-lhe, eu não sei de nada... apenas posso dizer o que sinto. Veja meu corpo pequeno, meu vestido de chita... que posso te oferecer? Meus olhos perguntam, e os fios de lágrimas engrossam ainda mais... você sabe que ainda não sou mulher, não passa de uma menina... não tem seios, não tem bunda, somente dois olhos grandes que viraram lagos...

            Mas, o olhar dele grita no fundo da minha alma... “Eu te amo pelo que és e pelo que irás ser! Pela semente de mulher plantada nesse corpo de menina... Eu te amo acima das convenções sociais, das burocracias, dos dogmas ou preconceitos... Eu te amo acima da lei, acima do tempo... deixa-me ser o teu mentor, o seu amor... por onde você for me leve consigo, guardado em seu coração, pendurado em sua memória... aonde você for, eu vou... aguardarei na próxima esquina do tempo para tocar as cordas do seu novo corpo de mulher, fazer poesia com o frescor dos seus lábios, e tirar harmonias das curvas e reentrâncias da sua anatomia feminina... Te ensinarei a penetrar no meu coração enquanto eu penetro a tua essência, e na mistura de nossos fluidos a explosão dos sentidos.”

            Sim, eu entendo o que você diz, meu amado, meu primeiro amor... confio na sua promessa, vou espera-lo na esquina do tempo onde você quer esperar-me. Nesse dia terás todo o meu amor pra você... você sabe muito mais coisas que eu, certamente sabe de tudo o que vai acontecer, eu quero aprender... com você... meu primeiro amor...

            Obrigada, meu Deus, pelo meu primeiro amor romântico. Eu irei viver nas nuvens na espera que chegue o futuro. Eu vou encontra-lo sim, na próxima esquina do tempo... o meu primeiro amor!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 09/01/2016 às 00h59