Interessante como pode em algum momento o coração e a mente ficarem em campos opostos. O coração é responsável pelos afetos, a mente pela coerência na vida. Nada mais harmônico se os dois ficassem sempre em acordo em tudo que dissesse respeito à vida.
Hoje estou sentindo uma divergência entre a opinião de cada um deles. O coração lembra dos amores que conquistei, daqueles que o marcaram a ferro e fogo, e faz um movimento de aproximação, de voltar a receber e dar tantos carinhos quanto a memória registra no que aconteceu. As músicas dos cantores que preenchiam os nossos espaços, hoje me traz fortes recordações, uma nostalgia de um tempo que foi embora, que eu não consegui manter sempre comigo.
Sei que tudo isso aconteceu dentro dos meus paradigmas de vida, nada fugiu ao que minha mente tinha determinado, eu não poderia fazer diferente sem a mente acionar a culpa na consciência. Meus atos causaram desconforto e sofrimento em quem convivia comigo e queria desenvolver um amor exclusivo. Esse foi o nó górdio do relacionamento. Se eu me reprimisse e conseguisse manter um amor exclusivo, eu estaria seguindo a natureza dela, não a minha; se pelo contrário, ela se reprimisse e tolerasse um amor inclusivo, estaria seguindo a minha natureza não a dela.
Concluo com essas observações que nossas naturezas são diferentes e incompatíveis. Só é viável a convivência dos dois se um deles se sacrificar e seguir a natureza do companheiro.
Neste momento que sou atingido pela nostalgia, sei que isso é efeito do coração que deseja retornar aos afetos que tinha antes. Mas a mente vigilante adverte que eu não posso conseguir isso sem abrir mão de minha natureza, e por outro lado eu não posso pedir que a pessoa abra mão da sua natureza. Tenho que reconhecer a incompatibilidade e aceitar o afastamento de quem amo.
Isso implica numa questão da maior importância. Se o Reino dos Céus deverá ser construído pela família universal, que é formada através do Amor Incondicional e leva ao amor inclusivo, então não posso ficar passivo sem lutar para vencer essa incompatibilidade entre homem e mulher devido as suas naturezas diferentes. Tenho que ver qual o comportamento que está impedindo o amor inclusivo e vejo que é o feminino. O homem por natureza já promove afetos os mais diversos; a mulher tende a permanecer apenas com um afeto, uma relação íntima. Portanto, é a mulher que deve se conter, reprimir e permitir a ocorrência do amor inclusivo. O homem deve se conter, por uma questão de justiça, em permitir que a sua companheira tenha as mesmas experiências afetivas fora do relacionamento principal.
Mas por enquanto, essa nostalgia que me impele para os braços da mulher que me expulsou por eu ter amor por outras, deve ser contida, porque no momento atual tanto irá aumentar o sofrimento dela como a minha culpa, se a situação permanece de nenhum de nós querer partir para o sacrifício, principalmente ela.