Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
20/01/2016 10h12
REVELAÇÕES

            Nascemos dentro da ignorância e precisamos de educação contínua para conhecer pelo menos uma pequena parte do mundo em que vivemos. A maioria dos seres humanos ainda vivem como animais, lutando pela sobrevivência, sem a perspectiva mais aprofundada da sua condição existencial, de onde veio, para onde vai.

            Da mesma forma que existem escolas no mundo material e os nossos pais tem o dever de nos matricular para aliviar a carga da ignorância e sermos capazes de autonomia suficiente para viver, o Pai Universal também tem a preocupação de enviar instrutores para os planetas mais rudimentares, para que os seres inteligentes que os povoam tenham oportunidade de melhor compreender onde vivem.

            Quando essas informações originadas do Pai Universal chegam até nós através de instrutores capacitados pela inteligência divina, damos o nome de Revelações. Dizem os próprios espíritos (A Gênese, cap. XVIII, item 8) que a movimentação que se manifesta, por vezes, em toda população ou um grupo social, não é coisa fortuita, mas tem sua causa nas leis da natureza, razão porque as revoluções sociais tem sua periodicidade, como as revoluções físicas, pois tudo se encadeia. Este “tudo se encadeia” certamente está sendo referido ao processo de aprendizagem a respeito da integração do homem com o mundo espiritual e o aprimoramento moral da humanidade, fundamentalmente dependente das manifestações mediúnicas, ao longo dos séculos, cujo aprendizado, depois estabelecido como tradição religiosa, para ser corrigido, também não dá saltos. A modificação dos reflexos condicionados adquiridos erradamente ao longo do tempo, precisam de tempo para serem revistos, gerando uma certa periodicidade.

Na Doutrina Espírita se fala em três revelações divinas, a primeira personificada por Moisés, a segunda pelo Cristo, e a terceira de forma coletiva pelo ensino sistemático dos próprios espíritos. Numa avaliação mais crítica, podemos perguntar: será que somente o mundo ocidental teve revelações? Será que Deus esqueceu do mundo oriental? Mas não existem as religiões orientalistas (Vedismo, Bramanismo, Taoismo, Budismo, etc...) todas anteriores ao pensamento de Jesus e algumas até anteriores a Moisés? Salvo o caso específico de Jesus, ora tido como o próprio Cristo encarnado, falando por si; ora caracterizado como o médium de Deus; ora como um homem que se tornou médium do Cristo Planetário; o que se tem por verdadeiro é que são sempre as manifestações do espírito que se caracterizam como revelações divinas. Tomando-se por base esta afirmação e por premissas que Deus não tem preferência para qualquer lado do mundo, e que nas revoluções sociais tudo se encadeia, pode-se dizer que muitas sementes foram lançadas pelos Espíritos, como fala Jesus na parábola do Semeador, objetivando trazer para o homem a realidade do mundo espiritual. Muitos foram os reformadores ou precursores de Jesus, com suas ideias novas neste ou naquele grupo social, a exemplo de Krishna, Zoroastro, Hermes, Fo-Hi, Lao Tse, Sidharta, Sócrates, Maomé, afora as manifestações do politeísmo greco-romano, com suas mitologias, seus deuses, pítias e oráculos. Muitas árvores, consequentemente, foram plantadas, mas uma grande parte, como que caindo em terreno pedregoso não vingou e morreu, outras não deram os frutos desejados, como a figueira estéril e outras, deram frutos em percentuais menores de trinta por um.

            Embora não se tenha muita segurança nos registros históricos, por sua influência em todo o pensamento da China milenar e dos grupos sociais próximos a ela, pode-se dizer que a primeira revelação divina espiritual foi o I Ching, na China; a segunda o Vedismo, entre os hindus; a terceira com Moisés, entre os hebreus; a quarta com Jesus de Nazaré, e a quinta com o espiritismo, codificado por Allan Kardec.

            Por que então, Kardec escreveu que com Moisés ocorreu a primeira? A resposta está no fato de que as revelações do I Ching e do Vedismo, no mundo oriental, tornaram-se árvores infrutíferas para os anseios da espiritualidade, no que se refere às comunicações dos Espíritos.

            O I Ching ou O Livro das Mutações, cuja origem remonta há mais de 4000 anos antes de Cristo, provavelmente decorre das primeiras e grandes manifestações espirituais, dentro da civilização milenar da China, e certamente a mais complexa no campo das percepções anímicas daquele povo. O Yin e o Yang foram iguais ao sim e ao não das manifestações ocidentais, com as irmãs Fox em 1948, em Hydesville, Estados Unidos. Mas na China, os ideogramas, por falta de um alfabeto maleável, cristalizaram-se num jogo oracular e as manifestações dos Espíritos se perderam por causa do animismo dos homens.

            O Vedismo começou provavelmente perto do ano 3000 antes de Cristo. A partir dele os hindus passaram a ter as primeiras manifestações dos assuras, Espíritos considerados mais elevados, e dos pitris, alma dos homens que morreram, através das manifestações dos rishis, intermediários entre os dois mundos, físico e espiritual. Concebiam a existência de um Deus único, Brahman e dos Devas, auxiliares do Deus Supremo; conheciam os rudimentos da progressão da alma (atman), da reencarnação e da lei do carma ou lei causa e efeito.

            Infelizmente para a humanidade, o Bramanismo depois de Krishna, por volta do ano 1000 antes de Cristo, conquanto desenvolvesse amplamente a ideia da pluralidade das existências, deu origem a uma grande teocracia onde se cristalizou a ideia das castas, referendadas pelo próprio Brahman, segundo os brâmanes (antigos rishis). As manifestações dos Espíritos foram enclausuradas e cerceadas pela “casta sacerdotal”, ao povo restavam as preces, os hinos cantados e a meditação como alternativa para superar o carma e alcançar a iluminação.

            Os homens põem a perder o grande trabalho realizado pelos Espíritos, na Índia, ao alegarem que a iluminação e libertação da alma do carma somente se consegue pela meditação e iluminação interior e não pela correção dos defeitos gerados nos diversos relacionamentos, da ignorância da verdade, aplicando um processo de Reforma íntima, auxiliado através da comunicação dos Espíritos.

            O Budismo foi uma forma encontrada pelo enviado espiritual e reformador Sidharta Gautama para eliminar a ideia de um Deus injusto (Brahman) e as castas estabelecidas pela teocracia bramânica. O Budismo hindu foi buscar no Taoísmo chinês os seus princípios fundamentais da impermanência, da insubstancialidade e do incondicionado, pelo qual se eliminava a existência de um Deus permanente e criador de tudo. Também no Budismo, mais que no Bramanismo, as comunicações dos Espíritos perderam significado, pois o importante não é eles virem aqui, mas a alma do homem chegar lá, pela conquista da sabedoria ou iluminação.

            Restaram, pois, as três revelações ocidentais mencionadas por Kardec, como árvores que geraram os bons frutos da comunicação dos Espíritos, para que o homem conhecesse a realidade espiritual e através delas soubesse como fazer sua reforma interior e alcançar a iluminação mais rápida e conscientemente.

            Também isso não quer dizer que estamos suficientemente preparados para o conhecimento universal. Com certeza muitos outros instrutores espirituais deverão nos visitar para trazer novas revelações, ou intuir em nossos pensamentos novas formas de relacionamentos para conquistarmos o prometido Reino de Deus. É dentro dessa perspectiva que trabalha a minha consciência, reconhecendo uma verdade tão clara para mim e tão obscura para os demais, como um caminho intuído pela vontade de Deus, através dos seus Espíritos Santos, que estão constantemente ajustando pensamentos e comportamentos dentro das mentes daqueles mais sensibilizados pelo mundo espiritual.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/01/2016 às 10h12