Deixei a militância política, depois de ter dedicado boa parte da minha vida dentro do PDT e ter tentado um cargo eletivo com a ideologia pura da Dignidade Humana. Depois de muito tentar vi que nunca iria me eleger obedecendo aos meus princípios éticos e dos quais eu não desejava me afastar, mesmo recebendo conselhos os mais diversos, pois se assim fizesse a minha eleição seria garantida. Mas não tinha como, a minha consciência não permitia a compra de votos dos eleitores por qualquer motivo, por mais nobre que fosse. Para mim os fins não justificavam os meios. Deixei a política partidária.
Depois de algum tempo, vi que o homem como um animal político, não podia ficar afastado da política. Então me engajei na política divina e tenho como líder o Mestre Jesus, com o objetivo de construção do reino de Deus.
Mas, apesar de não ser militante em nenhum partido político, não posso deixar de ver o que os partidos estão fazendo ao meu redor. E então me deparo agora com o governo do PT e desenvolvo uma opinião pessoal, mesmo que não vá para a praça pública em sua defesa. Acontece que no grupo da minha turma de medicina (1980) foi colocado um texto de um professor universitário (UNIFEMM), por um colega da minha turma o qual eu admirava sua inteligência. Achei por bem responder, colocando inicialmente o texto que provocou a minha necessidade de colocação.
“Eu confesso que não sei a verdade: não sei se Lula é ou não dono de um tríplex no Guarujá como não sei se FHC é ou não dono de um apartamento na Avenue Foch, em Paris.
“Sei apenas que a presunção de ser dono de um tríplex no Guarujá é inequivocamente associada a corrupção e a presunção de ser dono de um apartamento em Paris não trem nada a ver com corrupção.
“Especialmente se o apê do Guarujá for um tanto novo-rico e o apê de Paris, um tanto elegante.
“A questão é estética.
“Lula carregando uma caixa de isopor e sendo dono de um barco de lata é uma cômica farofa. Se FHC carregasse uma caixa de isopor e fosse dono de um barco de lata seria uma concessão à humildade.
“A questão é classista.
“Um Odebrecht sentado à mesa com FHC é um empresário rico. O mesmo Odebrecht sentado à mesa com Lula é um pagador de propina.
“Nada disso tem a ver com corrupção. Nada disso revela qualquer preocupação com o pais.
“A cada dia que passa, é mais evidente que o que está em discussão é quem são os verdadeiros donos do poder.
“E os donos legítimos do poder são os elegantes. Aqueles com relação aos quais não interessa saber como amealharam riqueza porque, simplesmente, a riqueza lhes cai bem.
“A Casa Grande tem um perfume que inebria toda a lavoura arcaica e sensibiliza até a senzala. É o que estamos assistindo.
“Tudo o mais, tudo o que não é Casa Grande é Lula e os amigos do Lula.
“A questão é preconceito.
“Vejam como um fraque cai naturalmente bem em FHC. Um fraque assim em Lula, certamente, deveria ter sido roubado.
“O Brasil é o país dos elegantes. De uma elegância classista, racista e preconceituosa deitada eternamente no berço esplêndido do aristocrático século XIX.
“[FHC, por favor, levante a gravata do seu lado direito, está um pouco torta, isso, perfeito!]
“Flávio de Castro professor de arquitetura da UNIFEMM.”
Depois de ler algumas mensagens de colegas contestando esse texto, e até alguma rusga entre dois deles, fiz o texto abaixo:
Minha razão está com defeito que não consigo identificar? As vezes passa por minha mente essa preocupação. A minha razão condena o governo do PT e os seus principais líderes, principalmente o Lula, pela situação caótica em que nos encontramos, pela quadrilha organizada que deteriora nossas principais instituições e vejo despencar os índices econômicos e éticos do país. No entanto, a minha UNIVERSIDADE BRASILEIRA parece que não ver o que eu vejo, o que a Justiça ver, o que a maioria expressiva do povo ver... As inteligências privilegiadas que tive a honra de conviver nos bancos acadêmicos, parece não ver o que para mim é tão evidente. Por isso a minha inteligência não pode deixar de confrontar a razão... Onde estão os motivos positivos para superar os motivos negativos desse governo? Será por que se diz um governo educador e que investiu muito na educação e principalmente na Universidade? Será por ter investido contra a fome e a pobreza criando diversas bolsas e cotas? Eu deveria estar satisfeito, pois sou membro da Universidade e também defendo a justiça social. Também fui eleitor do Lula no primeiro mandato... E por que minha teimosa consciência pede para eu ficar ao lado do clamor do povo que ainda consegue pensar com o cérebro e não com o estômago ou o bolso? Como psiquiatra não posso deixar de pensar que eu tenha algum ponto cego no meu raciocínio que faz eu não me aliar aos colegas de academia na defesa e permanência deste governo do PT. Francisco Rodrigues. Vice Chefe do departamento de Medicina clínica da UFRN.
Esta minha mensagem trouxe várias manifestações de apoio dos colegas e numa delas, achei por bem fazer novas considerações, que deixarei para o dia seguinte.