Reconheço que a maioria das pessoas, quase exclusividade, consideram que o amor é a força mais poderosa do universo, expressão do próprio Deus, capaz de criar estrelas pelo cosmo a dentro. Então, por que ele não flui com facilidade pelo coração das pessoas para a construção do Reino de Deus, como Jesus anunciou?
Depois de refletir, testemunhar e também passar por algumas pressões nos relacionamentos, descobri que a intolerância é o fator que mais atrapalha o fluir do amor. É quem primeiro chega nos relacionamentos disfuncionais e a partir daí se constrói diversas opções sentimentais negativas como raiva, ódio, vingança, etc.
Para exemplificar essa força da intolerância e a expressão do amor, vou reproduzir aqui uma história que circula na internet, com o título “O pacote de bolacha”:
Uma moça aguardava seu voo na sala de embarque de um grande aeroporto. Como deveria esperar algumas horas, resolveu comprar um livro para passar o tempo. Comprou também um pacote de bolachas e sentou-se numa poltrona na sala vip do aeroporto para que pudesse descansar e ter paz. Enquanto lia seu livro, sentou-se um homem ao seu lado. Após algumas páginas, ela pegou a primeira bolacha do pacote. O homem também pegou uma. Ela se sentiu indignada, mas não disse nada. A cada bolacha que pegava o homem também pegava uma. Aquilo a deixava tão indignada que nem conseguia reagir. Ela só respirava fundo e fazia cara feia. Quando restava apenas uma bolacha, ela pensou: “o que será que esse abusado fará agora?” Então o homem dividiu a última bolacha ao meio deixando a outra metade para ela. Ah! Aquilo era demais! Ela estava explodindo de raiva! Seu voo é anunciado. Ela pega seu livro e suas coisas e se dirigiu ao embarque. Entra no avião e se acomoda na poltrona. Então, ela abre a bolsa para pegar uma bala. Para sua surpresa o pacote de bolacha estava lá, ainda intacto, fechadinho. Ela sentiu tanta vergonha! Só então percebeu que a errada era ela. Distraidamente, havia guardado seu pacote de bolachas dentro da bolsa e o homem havia dividido as bolachas dele sem sentir-se indignado, nervoso ou irritado. Infelizmente, já não havia mais tempo para se explicar ou pedir desculpas...
Então, muitas vezes por erro de perspectivas nos tornamos intolerantes com a ação do próximo e começa a ser gerado dentro de nós o germe da intolerância que alimenta a raiva, cresce para o ódio e pode explodir na violência. A lição que fica é que devemos observar com cuidado todas as circunstâncias em que estamos metidos, pois podemos estar errados nas primeiras conjecturas que nossa mente projeta. Podemos estar errados e se tal for reconhecido, devemos ter a humildade de pedir desculpas, pois as coisas podem não ser exatamente como pensamos.
A história mostra que os irmãos siameses, tolerância e intolerância, são gerados de forma diferente nos dois protagonistas. Enquanto a moça gera a intolerância, o homem gera a tolerância. Enquanto a moça desenvolve a raiva, indignação, que a deixava a beira de uma explosão, o homem, tolerante, partilhava com ela sem que ela pedisse e até mesmo colocando cara feia, até a última bolacha que a sua tolerância permitia ser dividida.
Observamos o fluir do amor nas ações do homem; observamos o obstáculo na expressão do amor no comportamento da moça.
Tiro dessa história uma boa lição para conflitos de relacionamentos. Devo manter o meu grau de tolerância sempre ativo, em qualquer confronto hostil, mesmo que eu entenda que esteja correto. Pode ser que mais tarde eu compreenda que esteja errado e assim a corrigenda seria oportuna. E, na possibilidade do correto ser eu, devo fazer como o homem fez com seu pacote de bolachas, que continuou dividindo com pessoa tão amarga, que usava o que era dele sem pedir e ainda de cara “amarrada” com jeito raivoso e de que a qualquer momento poderia explodir de raiva. E esse homem não tinha nenhuma dúvida de que o pacote de bolachas que estava sendo usado era o dele. O equívoco estava em quem demonstrava tanta intolerância.
Portanto, prefiro sofrer as injustiças de uma compreensão errada que alguém faça sobre algo que faço e que imagino correto, pois posso estar errado, e, mesmo estando completamente correto, não deverei deixar de ser tolerante, pois só assim deixarei fluir pelo meu comportamento o amor que tanto defendo.