Vejo a dinâmica familiar se fortalecendo em Ceará Mirim, com base nos relacionamentos fraternos, reflexões evangélicas e projetos comerciais. Vejo que o medo pelo novo ainda impera, a maioria das pessoas são muito honestas e tem medo de se envolverem em atividades financeiras que não consigam levar a cabo. O projeto de costura que é o mais promissor, é o que tem a pessoa mais temerosa de levar adiante um projeto que ela não possa arcar com os seus próprios recursos do trabalho assalariado que ela realiza. Tudo está encaminhado, depende apenas de sua decisão de colocar em prática o que já foi discutido e decidido pela viabilidade comercial. O projeto da mercearia que não tinha sido aventado no início, é quem já deu os primeiros passos, pelo menos no sentido de organizar os recursos para sua implementação. O setor de vendas também é promissor, mas a responsável também tem muito medo de cair em campo com as mercadorias, mesmo sendo dado os conselhos suficientes para não existir dificuldades, pelo menos em 10 meses de trabalho. O setor de oficina está funcionando nas bases anteriores, com a dificuldade de não possuir um ponto próprio e depender do aluguel em ambientes que não possibilitam uma maior expansão do negócio. O setor de transportes poderia ser ativado também com boa perspectiva, mas sofre os efeitos dos preconceitos e ressentimentos que leva ao afastamento dos principais interessados. As demais pessoas ainda estão em fase de preparação, estudando para conquistar uma profissão ou um emprego através de concursos.
No campo psicológico que envolve a afetividade em primeiro plano, respaldado pela cultura, existe o foco crônico dos preconceitos que ainda mantém afastadas algumas pessoas, inclusive algumas com necessidade de orientação para doenças físicas e psicológicas. Mas o foco mais agudo é observado na relação conjugal de uma célula dessa grande família, composta do homem e da mulher com visões diferentes do relacionamento afetivo, onde a mentira impera no homem, a intolerância prevalece na mulher, resultando em conflitos que geram situações de irritabilidade e agressividade constante. Essa situação reflete-se no emocional das duas filhas do casal, que ficam temerosas pela violência que são testemunhas e da possibilidade de separação traumática dos dois, como já aconteceu uma vez.
De todos os setores dessa grande família ampliada que está em construção, a que está mais equilibrada é a minha família biológica composta dos meus irmãos, que apesar dos problemas, conseguem administrar sem grandes conflitos existenciais.
Fazendo uma reflexão sobre o conjunto desses diversos elementos conscienciais encarnados e que procuram cada um, consciente ou não, a sua própria evolução espiritual, percebo que o fator preconceito associado à cultura e o fator egoísmo associado ao biológico, são os principais empecilhos de uma construção da célula do Reino de Deus. Uma célula mais ampla onde todos se comportem dentro da solidariedade e da fraternidade próprias do Amor Incondicional.
Quando superarmos esses dois empecilhos, tudo ficará mais claro, mais transparente. O fator egoísta ficará subordinado à compreensão de que é muito mais vantajoso para todos respeitar o fluxo dos instintos reprodutivos que obedeçam aos critérios do Amor Incondicional, pois todos saberão que os filhos que possam surgir das diversas possibilidades de relacionamentos íntimos, todos irão ser educados e aprenderão a respeitar cada pessoa como membro de uma grande família. Não é porque seja filho de uma mãe tal ou qual que ele irá excluir pessoa A ou B.
Sei que ainda estou distante de alcançar esse nível de relacionamento, de confiança, mas tenho certeza de que ao ser atingido, o esforço terapêutico será bem menos exigido, mesmo porque, neste ambiente, a maioria das doenças físicas, psicológicas e espirituais serão prevenidas.